Defensores de Tóquio

Um dos primeiros RPG's nacionais a se popularizarem foi um chamado Defensores de Tóquio. Nada mais natural, já que o Brasil daquela época vivia um surto de seriados e desenhos japoneses, com Cavaleiros do Zodíaco e Changeman e Jáspion disparando na TV. Outro fator de sucesso deste RPG é que foi o primeiro a ser vendido como revista, em bancas de jornais e ter um sistema de regras ridiculamente simples.

Tal qual dizem que "O Velho e o Mar" de Heminway foi escrito em três dias, num surto criativo, o autor de Defensores de Tóquio também diz ter criado este RPG numa noite de verão e muita insônia. Em apenas quatro meses o sistema vendeu 10.000 exemplares, se tornando o RPG mais popular do Brasil, título que ocupou por anos, com esse volume de vendas, que basicamente, sustentou a finada editora Trama, que também publicava A Primeira, A Maior e A Única revista mensal de RPG do país, a Dragão Brasil. Isso tudo em 1994.

Escrito originalmente pelo autor, Marcelo Cassaro, premiado pela literatura brasileira com o prêmio Jabuti por sua obra de ficção científica "Espada da Galaxia", Cassaro também foi por anos desenhista da Abril Jovem, produzindo os gibis de Black Kamen Rider, entre outros heróis orientais e colunista da revista Ação Games, com o pseudônimo de Capitão Ninja, que mais tarde ganharia seus próprios Gibis e histórias.

Com muito humor, e com um cenário que fazia sucesso na época, não é de estranhar o sucesso absurdo do jogo, que ganhou reedições em escala exponencial. Basicamente, cada personagem era construído com 12 pontos, e poderia comprar pontos de poder, que variavam de 0 à 6. Cada ponto em habilidade, custa um ponto de personagem. As descrições dos atributos básicos eram cheias de gracinhas, do tipo:

Força;
0 - mais fraco que uma margarida
1 - você tem força para estalar os dedos
2 - seus bíceps são visíveis à olho nú
3 - não dá vexame em academia de musculação
4 - Schwazernager tem medo de você
5 - melhor voltar para o presídio, Tyson...

Um jogo franco, honesto em suas pretensões, que nunca precisou gastar páginas com descrições de mundos e cenários, já que as aventuras dos personagens japoneses estavam e estão na nossa cabeça até hoje, desde Ultraman, até Power Rangers, passando por todo o universos de animes e mangá.

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