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Mostrando postagens de março, 2013

90 dias sem me acostumar

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Hoje é 31 de março. Não o hoje que eu escrevo, mas o hoje que você está lendo. Amanhã será segunda, será primeiro de abril e será um dia de muitas pegadinhas sem graça e outras com menos. Mas hoje tem um significado especial para aqueles que gostam de números redondos. Hoje é 31 de março, 31.3.13. Um palíndromo. Sério. Veja de trás para frente, forma 31.3.13. Mas não é isso que deixa esse dia mais divertido. Ainda que só teremos outro 31.3.13 em 2113. Nope. Acontece que se fevereiro tem 28 dias, janeiro e março têm 31 dias. E duas vezes 31 mais 28, temos 90.  Noventa dias. Noventa textos até hoje. Sem falta, nem falha. Textos que foram escritos num borbotão. Textos que foram escritos de uma só vez, num jorro criativo. Textos de resenhas dos livros que vinha lendo. Textos menos criativos. Textos que reciclei de outras redes sociais. Não é tão fácil. Não é nada fácil escrever todos os dias. Mesmo livre de temas, livre da pressão de manter uma linha lógica, um estilo ou qualquer ví

Resenha: Desenvolvimento de produtos sem Enrolação

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Um amigo do escritório costuma dizer que seu trabalho, até o dia que for aposentado, está garantido, pois o nível da educação e dos jovens de hoje em dia nunca foi tão ruim. As escolas estão ruins, as pessoas desinteressadas e o nível de cultura nunca foi tão baixo. Mas então, quando conseguimos olhar além da nuvem de mediocridade, vemos que ainda há muitas pessoas tentando sim, serem melhores, fazendo algo além, e este é o caso da molecada do Empreendemia . Entre o final de 2009 e início de 2010 um grupo de jovens se reuniu com uma ideia, criar uma forma de mercado livre, ou e-bay, para negócios, pessoas que vendem seus produtos ou serviços encontrarem pessoas que queiram comprar ou investir em idéias, e desta ideia, além do site do negócio em sí, já rendeu o blog , o twitter e agora, um livro . O livro não é propriamente uma biografia do sucesso, eles ainda não explodiram pelo mundo à fora e de tão jovens, seria como a biografia do Justin Bieber, por exemplo. Para mim, aquele f

A Última expedição - dia 6 de abril - lançamento

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a editora draco irá distribuir o livro GRATUITAMENTE no lançamento, que vai ser no pier 1327, na vila mariana, em SP. "a última expedição" tem patrocínio da petrobras, pela lei de incentivo à cultura, do ministério da cultura. o lançamento acontece na bagunça literária ( https://www.facebook.com/ events/272068079593910 ), evento que reúne editoras independentes e promove vendas de livros com descontos, lançamentos e sessões de autógrafos. mais sobre o livro no site da editora draco:  http://editoradraco.com/ 2013/03/27/ a-ultima-expedicao-olivia-m aia . também nessa página dá para fazer o download das primeiras 50 páginas. http://www.facebook.com/events/141118019399969/?notif_t=plan_user_invited Eu vou, e vocês?

RPG's brasileiros: Arkanum

O Brasil produziu centenas de sistemas de jogos e ambientações, muito além do Defensores de Tóquio, o Brasil teve ainda O Desafio dos Bandeirantes, um jogo no Brasil colonial, onde você jogava com... Bandeirantes! Teve um jogo medieval que até hoje resiste na forma de um sistema open-source, o Tagmar, que também já joguei muito. Mas o mais famoso sistema brasileiro de RPG, depois do Defensores de Tóquio, claro, foi o Arkanun. Numa época que os jogos dicotómicos começavam a cansar, jogar com o bem ou com o mal, motivações pueris e temas cansados de aventuras (grande mago quer dominar o mundo e precisa ser impedido por grupo intrépido de heróis), uma editora, criada e liderada por Marcelo Del Débio, ousou ser diferente. Ousou imaginar uma europa medieval, durante o ápice da igreja, da idade das trevas, com magos, anjos e demonios competindo pelo seu espaço. Neste cenário, todos são vilões e são heróis, pois segundo sua mecânica, existe algo chamado Roda dos Mundos, onde um mundo, um

Terceiro Turno - Aventura Solo de RPG

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Terceiro Turno é uma aventura Solo estilo RPG. Diferente do RPG você não tem milhões de opções à disposição, não pode pedir mais detalhes ao narrador da história nem discutir com os detalhes ou com o curso da aventura, quando ela não vai na direção que você esperava. Mas é a forma mais próxima que a literatura te permite chegar da experiência de jogar RPG. Diversos livros foram editados, com longas aventuras, pela Steve Jackson Games. Livros de mais de 400 opções de ações. Uma série brasileira também publicou livros com finais alternativos, chamados de Enrola Desenrola. O sucesso foi tanto, que até mesmo a Globo, no passado, criou um programa de TV com dois finais, e o público decidia qual o destino que o personagem deveria seguir, de acordo com chamadas telefônicas. Esta é minha primeira experiência em escrever aventuras deste tipo, e espero que apreciem. Críticas são bem vindas. Se preferir, faça download do PDF para jogar mais tarde: http://dl.dropbox.com/u/2614588/Terceiro

Defensores de Tóquio

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Um dos primeiros RPG's nacionais a se popularizarem foi um chamado Defensores de Tóquio. Nada mais natural, já que o Brasil daquela época vivia um surto de seriados e desenhos japoneses, com Cavaleiros do Zodíaco e Changeman e Jáspion disparando na TV. Outro fator de sucesso deste RPG é que foi o primeiro a ser vendido como revista, em bancas de jornais e ter um sistema de regras ridiculamente simples. Tal qual dizem que "O Velho e o Mar" de Heminway foi escrito em três dias, num surto criativo, o autor de Defensores de Tóquio também diz ter criado este RPG numa noite de verão e muita insônia. Em apenas quatro meses o sistema vendeu 10.000 exemplares, se tornando o RPG mais popular do Brasil, título que ocupou por anos, com esse volume de vendas, que basicamente, sustentou a finada editora Trama, que também publicava A Primeira, A Maior e A Única revista mensal de RPG do país, a Dragão Brasil. Isso tudo em 1994. Escrito originalmente pelo autor, Marcelo Cassaro, pre

Criar personagens para RPG

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Uma das coisas mais divertidas do RPG é criar seu personagem. A oportunidade gigantesca de ser, por aquelas horas, toda semana, alguém completamente diferente de você, ou de ser idêntico à você. Criar o personagem, é como escrever algumas páginas de um livro, que será depois conduzido pelo mestre, junto das ações que você tomar. Criar um personagem é dar vida à um ser completo, com emoções, sentimentos, manias, e tem sempre o inconveniente de que você acaba se apaixonando pelo seu personagem. Eu descrevi aqui, esta semana, a história de um dos meus personagens favoritos, e um dos que por mais tempo joguei, meu mago de fantasia medieval, Dancan Mcloud. Nas regras, eu defini que meu personagem, naquele mundo de fantasias igual ao desenho Caverna do Dragão, seria um humano, um pouco mais velho que a média dos heróis, sorteei seus atributos (força, destreza, constituição, inteligência, sabedoria e carisma). Escolhi suas poucas magias de início. Três que ele tinha anotadas num livro, ma

A origem do RPG

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Muitas pessoas perguntam onde se originou o RPG. O de computador, é fácil, veio daquele jogado nos livros e mesas, com uma turma reunida, mas onde nasceu esse? Quem foi o primeiro maluco que falou, "Bom, meu personagem checa por armadilhas e passagens secretas, e aproveito para irritar o anão "Esse não era seu trabalho, baixinho?"". A resposta é simples. Jogando uma partida de algo muito similar ao WAR, um jogo de batalhas entre exércitos e regiões, dois amigos que estavam se divertindo até a hora que um ganhou o jogo e o outro perdeu. Esse que perdeu falou "aposto que eu ainda venço você, mesmo com um só soldado ao invés de um exércio", e o outro, em tom de brincadeira, falou, tá bom, "Seu último território, Dudinca, caiu, mas sobrou um soldado lá ainda, o que ele faz agora?". E nascia assim, ainda nos tabuleiros, a primeira ideia de RPG. Gary Gygax e Dave Arneson eram aqueles amigos, e publicaram a primeira versão do seu jogo, adaptado d

Hora do Planeta 2013 - das 20:30 às 21:30

Em 31 de março de 2012 vivemos, minha esposa e eu, a hora do planeta. A idéia era aderir ao programa que visa recordarnos que gastamos mais luz que o necessário, apagando tudo que é elétrico, por uma horinha. Uma hora, passa de pressa. Minha esposa já tinha algo pronto no laptop para assistirmos, mas achamos que seria trair o ideal usar um laptop, mesmo que fosse fora da tomada. Eu ofereci, "por que não jogamos RPG?". Ela não conhecia, isto é, já tinha me visto jogar, mas nunca jogou. Ela topou. Jogamos por toda a hora do planeta e outras duas mais, sem nos darmos conta. Foram três horas de jogo. Ali nasceu também nossa campanha de RPG. Nesta hora do planeta de 2013, hoje, 23 de março, das 20:30 às 21:30, enquanto todos são convidados a aparem suas luzes por uma hora, eu celebro o aniversário fake, pois não é um ano completo, mas serve, de minha campanha. E estamos nos divertindo muito. A campanha nasceu num sistema brasileiro, chamado 3D&T. No princípio o sistema d

O que é o RPG?

RPG significa Role Playing-Game, ou Jogo de Interpretação de Papéis. A expressão Roleplay já é usado em teatros e cinema, por atores, para descreverem sua performance, mas o jogo significa um pouco mais que isso, pois além da interpretação, também requer regras, para definir o sucesso de cada ação. Sempre que me perguntam, mas afinal, o que é o RPG, eu respondo com uma comparação que aprendi do gerente de publicações da Devir Livraria. RPG é como brincar de polícia ou ladrão, para os meninos, ou de casinha, para as meninas. No caso da brincadeira dos meninos, Polícia e Ladrão, sempre há um impasse no jogo que surge, mais cedo ou mais tarde, se a criança que é, ou o policial ou o bandido, acertou seu "tiro" ou não. As crianças costumam discutir: - Acertei! - Não, pegou de raspão, eu acertei você! - Nada disso, eu atirei primeiro! A interpretação do RPG é a mesma. Você finge ser um personagem que você cria. Pode ser Polícia e Ladrão. Poder ser cavaleiros e bárbaros. O c

Duncan McLoud

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Duncan não era o tipo heroico  Ao contrário. Já considerado idoso para os padrões da época, jamais teria se aventurado em masmorras escuras e tristes, cheias de perigos. Ele morava numa vila pequena. Sem nome. Herdara a torre do mago da cidade, pela mera paixão que tinha pelos livros deste mesmo mago, e pelo fato do mago não ter herdeiros. Deixou a torre ao seu visitante e ao mais próximo de um amigo que teve. O bondoso Duncan. Duncan logo aprendeu um pouco das magias do velho mago. Não gostava de carregar ingredientes mágicos e coisas complicadas. E aquele pó do trovão era para ele assustador, como só aproximar o fogo de uma tocha poderia fazê-lo explodir. Não, nada disso. Duncan gostava da vida simples, de ler até o sol se por, e então jogar cartas na estalagem da cidade. Não por acaso sua primeira magia, aquele que ele aprendeu a memorizar e repetir corretamente, foi uma chamada Truque Arcana. Capaz de produzir pequenas ilusões, suficientes apenas, para ele ganhar as partidas qu

Geração Xerox

Quando o livro do Dungeons and Dragons, a caixa vendida pela GROW, chegou, foi uma alegria geral. Evoluir os personagens, aprender magias novas, ganhar mais pontos de vida e combater mais monstros, novos monstros. Mas havia um problema, o jogo só ia até o quinto nível. E aí, o que fazer? A solução era depender de amigos, que viajam para os Estados Unidos, para comprar os livros que continuavam a série trazida pela GROW. Quando um amigo conseguia aproveitar aquela viagem para a Disney, para passar por alguma livraria, a alegria era geral. Significava mais aventuras prontas, mais expansões do jogo, novos monstros, novas magias, para nossos velhos personagens. Claro que em 1990 e afins, não tínhamos internet ou Amazon, para comprar estes livros. E a única forma de compartilhar-los por aqui, era através do Xerox. Logo, cópias de cópias circulavam, de mão em mão, dos mesmos livros comprados nos Estados Unidos. Ainda me lembro, em 1996, quando eu consegui comprar um livro original, com c

Dungeons And Dragons

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Dungeons and Dragons é um jogo que veio  ao Brasil através da GROW, um jogo diferente dos outros jogos. Em uma olhada rápida, era muito parecido ao jogo Hero Quest, um tabuleiro, miniaturas de criaturas e heróis, e um livro que continha regras para criar seus próprios heróis, os mesmos do Hero Quest, aquele jogo de tabuleiro que falei ontem, onde até quatro jogadores poderia competir com um quinto, que fazia o papel de mago maligno e controlava as criaturas do tabuleiro. A diferença do Dungeons and Dragons, era que aqui o chamado "Mestre", que descreve as salas e controla os vilões, não compete com os heróis, ele apenas narra e conduz os adversários de uma maneira justa. Mas há mais uma coisa, aqui os heróis tinham "falas". O jogo te estimulava a controlar e falar como os heróis que você criava, um processo de interpretação, chamado de Roleplay. Mais tarde vim a saber que este jogo era a base de um desenho que fez parte da minha infância, o desenho, chamado C

Hero Quest - Pré RPG

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Quando comecei a jogar RPG, o jogo não era assim conhecido. Na verdade, eu nem sabia que estava jogando um RPG quando eu comecei a jogar, por que não era um mesmo... Me explico: meus pais, sem saber, são os maiores culpados de eu jogar RPG hoje em dia, pois em algum momento do longínquo passado, eles me compraram um jogo chamado Hero Quest, da Estrela. Hero Quest era um jogo ousado, fantástico, e que provavelmente, como quase todas as coisas que meus pais me deram com tão boa vontade, quase os levou à falência. (não sei se serei tão benevolente com meus futuros filhos). O jogo consistia em um tabuleiro muito grande, uma penca de miniaturas, e móveis e detalhes do jogo! No jogo, cada um escolhe um herói: Anão, Elfo, Mago ou Guerreiro, e um jogador fica com os vilões do jogo. E eles competem! Assim como o banco do Monopoly quer levar à todos à falência (e a vida imita a arte), no Hero Quest, o mago mal, que um jogador deve escolher para o jogo funcionar, ele também compete para ganh

Hipocondríaco

Depois de ler Desumano da Olivia Maia, eu fiquei preocupado de ser também, um pouco sociopata. Meu ódio por sair de casa, e meu pouco desejo de interatuar com estranhos reforçam meus temores. Também me preocupa a apatia e incômodo com pobres e a pobreza que São Paulo desperta em nós, ao contrário da esperada caridade e compadecimento. Mas eu, por outro lado, sei quão fácil me impressiono e me influencio com o que leio. Uma matéria sobre algum vírus novo e eu já fico com receio de colocar a mão no vão entre o encosto e o acento do sofá. Quando minhas vendas estão em baixa eu já sei, devo ler algo sobre administração e na manhã seguinte sou o próprio Kotler. Quando consigo usar isso a meu favor é ótimo, mas o problema é quando um livro, um filme, me pega desprevenido. Como Desumano da Olivia Maia, e me deixou preocupado por dias sobre ser ou não ser sociopata. Na verdade meu problema provavelmente é outro, o que sou de fato, é hipocondríaco emocional. É o que escolho acreditar.

DETRAN

Escrevo esse texto esperando para ser atendido no DETRAN. Estou renovando minha carta, pela segunda vez, eu acho. Uma data estranha para renovar, se você observar que eu tirei minha carta em janeiro de 1999. Bom, não tão estranha à final. 14 anos já passaram. O trânsito não mudou tanto quanto mudaram os carros. Nunca tive a sorte de trabalhar perto de casa, como qualquer paulista, trabalhei sempre muito longe de casa. Em 1997 eu iniciei minha vida profissional na Timberjack, uma empresa de tratores florestais em Alphaville. E eu morava no norte da zona norte. Eram duas horas de ida, Deus sabe quanto demorava a volta, com uma Castelo Branco que sequer tinha as vias marginais de hoje em dia. Quando finalmente arrumei um emprego próximo à Avenida Paulista, tinha a Avenida Tiradentes pela frente. E tome trânsito. Depois tive Praça da Árvore, Avenida Paulista de novo e o ABC, onde já estou há quase 10 anos trabalhando. O carro nunca foi para mim, mais que uma ferramenta. Nunca tive ne

Feliz aniversário, Gustavo!

Quando as pessoas me conhecem, elas têm, em geral, duas impressões incorretas ao meu respeito. A primeira, pensam que eu nunca fico mal humorado, que sou de bem com a vida e que tudo é simpatia e sorrisos. Nada poderia estar mais incorreto, como invariavelmente descobrem mais tarde. Sou mal humorado, sou de mal com a vida e sou, na verdade, um cara fechado. A segunda sensação incorreta que têm ao meu respeito, é que sou um cara inteligente. Não sou. Eu tenho a aplicação e dedicação de um oriental, peno para aprender as poucas coisas que sei, e faço um ninho ao redor daquilo que aprendo e protejo com minha vida, se necessário, aquele conhecimento que custou tão caro. Inteligente, é meu irmão do meio. Eu sou o mais velho. Um ano e dez meses e 6 dias depois que eu nasci, nascia meu irmão. Gustavo. A estampa do bonitão da sala de aula no ginásio. O popular e o bagunceiro, debaixo de toda aquela rebeldia, descobrimos, havia um gênio ávido por ser desafiado. Um cara inteligente, com difi

A casa no morro - resenha

A casa no morro, de Olivia Maia, foi originalmente publicado em fascículos, quatro deles, que performam os seus quatro capítulos. Romance curto ou conto longo, uma mini-série, se fosse um especial da Globo, originalmente publicado na seção Palavra do jornal Le Monde Diplomatique Brasil Online. Um relato, uma espiada, em um par de dias de um crime, onde um corpo, uma arma e uma casa em Caieiras envolvem os investigadores Pedro e Iuri. Uma arma alemã de 1940. Um texto gostoso, com um bom clímax no final e aquela sensação de quero mais, quando o texto acaba. Seco, abrupto. Perfeito. Olivia Maia e seu estilo inconfundível se derramam pelas páginas do romance. Os textos em primeira pessoa. As pseudo adivinhações do investigador, suas deduções e os fatos que vão se somando. A rotina e a faixada do Brasil também estão muito bem representadas, como não poderia deixar de ser. A forma como a polícia lida, já adequada à não ter recursos, a lenta polícia científica. Mais uma obra fantástica,

A Manu-Caverna

Quando eramos jovens  meus irmãos e eu, e quando morávamos com meus pais, costumávamos realizar festas e encontros de amigos no salão de casa. A casa dos meus pais originalmente tinha um estacionamento subiterrâneo, para 4 carros, que meus pais fecharam, tornaram a antiga rampa de acesso dos carros em uma àrea plana, para um carro apenas e deixaram a escada lateral para acesso à pedestres. Estava formado o salão de festas da casa. Além de reunir amigos para festas, que sempre terminavam com algum vizinho chamando a polícia, o salão também servia para jogarmos video-game e RPG. Se Bruce Wayne tinha sua Bat-caverna, eu tinha a Manu-Caverna. E sim, hoje eu sei que este nickname é piada pronta. Resta para vocês saberem que na época não era... Éramos 8, 10 jovens, jogando, conversando e brincando. O ápice, claro, eram as sessões de RPG. Jogávamos das 14 às 20 horas, todos os domingos. E como nos divertíamos. E eu contei tudo isso para dizer que recentemente, um pouquinho deste gosto

Overthinking: Of Monsters and Men

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Gosto do inglês pela flexibilidade com que expressões nascem e são utilizadas. Num episódio do seriado Supernatural, em um momento alguém chega no elevador a alguém que ele pensa conhecer, e diz algo sobre seus sonhos, aquele tipo de assunto que gera no mínimo, constrangimento se tratadas em público, e o outro rapaz responde: " Dude, you overshare ", algo como, você sobre-compartilhar, você compartilha demais! Este tipo de expressão, não esta particular, mas a forma sutil e elegante do inglês de se referir à pessoas e a comportamentos, são coisas das quais eu me apaixono ao aprender um idioma. Para mim, uma expressão que logo de cara se aplica, é " Dude, you overthinking ". Eu gosto de analisar coisas, e ver/encontrar/aplicar significados à coisas que não necessariamente tenham. Às vezes eu acerto. Na maior parte do tempo, contudo, eu erro. Mesmo assim, esta forma de agir sempre me ajudou a deduzir funcionamentos, encontrar "extras" numa trama de film

Dentistas 2

Curioso eu ter nascido no dia de Tiradentes, e estar com tanta dor de cabeça (ou de dente) justamente com a profissão cujo o tal é patrono. Mas eu estou com dor de dentes. Ou estava, semana passada. Tudo começou com uma dor de dente, como já falei aqui. Depois fiz um canal, um par de restaurações, profilaxia dentária e pronto. O dente doía igual, única diferença que ele estava com uma casca branca novinha e eu dois mil reais mais pobre. Parece que a inflamação do nervo passou para os ossos. Meus ossos ficaram nervosos. E tome anti-inflamatório. Que dá sono, me deixa lerdo, mais que o natural, e aquela sensação de que não resolveu nada. É como mandar seu celular para a oficina e ele volta com o mesmo problema. E te cobraram. Igual à máquina de lavar. No dentista, com sessões dias sim e dias também, ainda descobri como Steve Tyler conseguiu aquela boca gigante, foi tentando agradar ao dentista, que não importa que sua mandíbula e céu da boca já estejam a 180°, ainda insistem "ab

Conto: diário de um dia qualquer

Jogo meu velho iPod touch, sem bateria, para o lado. Está ocupando espaço na minha mochila há meses. Gostaria de dizer que é um espaço útil, importante, mas não é. Não há muito na minha mochila. Só o iPod Touch e seu cabo imundo, uma caixa de ferramentas miúdas, de computador, um canivete, uma lanterna quase sem luz e cartões de memória, pendrives e outras tralhas. Quase nada funciona, nada tem bateria. Saudades de quando eu não sabia o que usar. Hoje não tenho nada para usar.  Minha mochila leva ainda meu diário. Papel ficou abundante com o tempo. Canetas nem tanto. Sem uso elas secam, estouram, vazam. Difícil. Tanto papel, tanto para escrever, tão pouco tempo, tão poucos meios. Eu estou usando um lápis agora, como você pode ver. Ainda tenho muitos, uns 10 na mochila, e um apontador. Eu era técnico de informática antes, sabe? Programava em várias linguagens. Também sabia arrumar hardware, parte de uma coleção de PC's antigos que eu mantinha. Eles ainda estão lá em casa, eu acho

Conto: Nada é bom, por obrigação...

Era o emprego dos seus sonhos. Comunicador virtual da empresa. Redes sociais, muita internet e muita diversão. Formado em marketing, André mal pode acreditar na própria sorte quando foi chamado para a entrevista. O pneu do carro furou, choveu muito e ele chegou na empresa num misto de ensopado e sujo, na hora da entrevista. E todos riram com ele, e não dele, da sequencia de azares, e ele levou a vaga. Na primeira semana, seu trabalho ainda era muito acadêmico. Textos bem pautados, título, chamada, explanação, conclusão, tudo muito certinho. E um dia, seu chefe o pegou no facebook, compartilhando um vídeo de gatinhos batendo palmas, e riu com ele do vídeo. "André, veja de novo o vídeo, com atenção, se não tiver marca ou algo com propriedade intelectual, usa o Face da empresa e divulga cara!". Putz, ele podia divulgar o que quisesse nos canais da empresa. A empresa, deve-se dizer, é uma destas empresas jovens. Vende games para várias plataformas, camisetas com estampas engr

Dia das mulheres

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Neste dia que celebramos a mulher, e lembramos daquelas que morreram no fatídico e desumano incêndio na fábrica onde elas protestavam, em 1857 em Nova York, e mais de cem mulheres morreram para reclamar o direito de trabalhar tanto quanto os homens, ganhando tanto quanto eles (elas trabalhavam mais, e ganhavam menos). O dia da mulher foi reconhecido no concilio na Dinamarca em 1910, mas só foi oficializado em 1975, pela ONU, como Dia Internacional da Mulher. Ainda hoje, as mulheres não têm os mesmos direitos que os homens. Ainda hoje há o machismo inveterado, às vezes agravado, às vezes velado. Mas assim mesmo, as mulheres seguem em sua marcha inexorável rumo à igualdade. Parece irreversível, graças ao bom Deus, tudo aquilo que elas já conquistaram e seguem conquistando. Chefes que dizem que não contratam mulheres, porque "quem irá pagá-las enquanto elas amamentam em casa?", estão se tornando raros. Mas é por estas conquistas todas, tão irreversíveis, que hoje quero ap

Trabalhar no que se ama...

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Como já falei aqui, eu escrevo de forma antecipada meus textos. Estou uma semana adiantado. Há outros textos, para outras datas festivas, que já estão prontos também, mas no geral, é uma semana à frente que eu tenho. E isso me dá possibilidades, tenho feito pequenas séries de textos, minha infância, minha vida na literatura, praias, vícios. Eu aproveito um tema que normalmente eu abordaria em dois almoços frente e verso, e transformo em 3, 4 crônicas mais aceitáveis. No texto que você leu ontem, eu abordei como matamos nossa vida, em busca de reconhecimento. Como apelamos para os vícios, para nos dar o empuxo para um dia mais duro, uma atividade menos aprazível. Eu já fiz isso, e também conheço diversas pessoas que o fazem ou fizeram. Não conheço ninguém que tenha voltado a fazer, depois de conseguir sair desta espiral: mais dívidas -> trabalhar mais -> mais compensações pela vida não vivida -> mais dívidas -> trabalhar mais. Mas quero dizer que eu já fiz, e não faço

Como você quer passar seus últimos 10 anos

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Veja o vídeo, antes de ler o texto. São só 60 segundos. Você pode se dar esse luxo. Só hoje... Nós corremos. E aguentamos muita pressão. Somos cobrados a nos formar rápido, para aproveitar as vagas destinadas aos mais jovens, e depois trabalhamos o dobro, para provar que à despeito de nossa idade, somos capazes. E então, por que já estamos trabalhando muito, somos cobrados a manter o ritmo. E nós corremos. As contas não podem esperar. Há uma pressa por ter as coisas. Por ser coisas. Por ser gerente, ter o carro do ano, um celular último modelo, uma casa grande, uma casa de campo, uma casa de praia. Há muito por fazer. E a pressão não para. Não trabalhamos para ficar rico, trabalhamos para ter coisas. Trabalhamos para ser coisas. E então, em algum lugar entre a faculdade e o trabalho, começamos com as compensações perigosas. Há quem fume, entre um trabalho e outro, furtivamente ou declaradamente. Há quem coma em fast food, dizendo não ter tempo, não há quem faça exercícios para

Simpatias

Nunca fui uma pessoa paciente. Desde muito cedo, contam meus pais, que não andava, eu corria. Fazia pequenas corridas, caia e chorava. Também deixei o leite muito cedo, e minha mãe, preocupada com o que me dar de comer, consultou o médico. De jeito algum eu aceitava leite. O médico sugeriu: tenta colocar um pouco de café junto. Logo, eu tomava mais café que leite, e até hoje, 33 anos mais tarde, ainda prefiro o café ao leite (a algo eu tinha que ser fiel). Mas talvez tenha sido o café na minha infância que tenha me modificado, talvez seja meu gênio indomável mesmo, mas eu nunca consegui ser paciente para nada, e como consequência, minha capacidade de aprendizado era afetada. Eu tinha pressa em fazer aquilo que as pessoas faziam naturalmente. Desespero. Fosse meu primeiro caminhar, fossem aulas de capoeira, fosse falar, eu era um desastre. Uma das histórias que mais impressiona meus conhecidos, e que sem dúvida era a favorita dos meus pais para me desmoralizar diante das namoradinha

Só que não...

Com minha esposa viajando por quase todas as férias de verão, tive bastante tempo para me dedicar à redes sociais e conhecer novas pessoas. Algumas eu continuo conversando até hoje, e fiquei muito feliz de me afeiçoar a elas e espero, que elas à mim. Vocês sabem quem são, dar nomes só me faria esquecer alguém, sem motivo algum, e perder uma amizade. O que eu não sei o nome, são de alguns novos desafetos que eu conheci. Se me permitem parecer um senhor falando sobre tecnologias novas, há algo de velho que eu estou enfrentando pela primeira vez, e como não sei fazer outra coisa, eu decidi fazer uma crônica sobre o assunto, mas antes, uma história que tem circulado nas mesmas redes sociais: Um homem precisa ir à cidade todo dia, para resolver assuntos de bancos, papéis e afins. Ele não tem muito dinheiro e sua esposa decide acompanha-lo, pela companhia mesmo. Sem outro jeito e com algumas coisas por comprar na cidade, ambos vão todos os dias, sobre um jumento da família. E iam os dois