Papo Nerd: RPG, minha introdução ao jogo


Em algum momento da minha infância, eu conheci o RPG. E jogava na escola, nos intervalos, nos finais de semana e em todo lugar possível. Meu contato com o game veio através do Hero Quest, um jogo de tabuleiro com temática RPG, mas com uma diferença, os jogadores se uniam para vencer o mestre, que podia usar magias, convocar criaturas e colocar armadilhas ao longo do tabuleiro, o jogo era uma competição e não era RPG, não havia interpretação, só a temática senhor dos anéis e Dungeons & Dragons estavam presentes, guerreiro, elfo, anão e mago como personagens, sempre uma missão de resgate, perseguição ou exploração em cavernas escuras repletas de monstros, mas uma coisa devo dizer, foi um dos poucos comerciais de TV que chegou mais perto de mostrar o que era RPG em toda a história nacional. O jogo também tinha um tabuleiro e miniaturas iradas, para usar uma gíria da época.

Depois do HeroQuest, fomos para o D&D da Grow, igualmente com a temática de tabuleiro (de papel beeeem vagabundo) mas nosso grupo, prafrentex, já usava interpretação e tínhamos regras domésticas para irmos além do quinto nível, limitação do jogo da Grow. E no colegial, conheci o AD&D (Advanced Dungeons & Dragons). Foi o primeiro livro em inglês que comprei, custou uma fortuna e minha mãe ficou louca da vida com meu "disperdício de dinheiro", mas eu estava motivado e agarrei um dicionário e fui traduzindo, palavra por palavra das primeiras páginas, até a leitura ganhar alguma fluidez. Minhas buscas ao dicionário foram ficando cada vez menos frequentes e a leitura cada vez mais fluída. Que bons tempos. Livros de xerox circulavam à revelia entre os grupos, já que não haviam grandes editoras no país e quase tudo tinha que vir por intermédio de alguém que ia ao estrangeiro e voltava carregado de pesados tomos. Depois, era a festa do xerox para distribuir entre os amigos cada novo tomo, cada novo reino, cada novo romance sobre nosso lazer preferido.

Nossas histórias duravam anos para terminar geralmente desistíamos de jogar apenas quando nossos personagens eram poderosos demais para ter algum desafio nas histórias do mestre. Foi quando cunhei meu mago Dancan, nome inspiradíssimo no seriado Highlander, mas era uma velhinho viciado em jogos de cartas e gostava de trapacear usando a magia truque. A Editora Abril entrou no circuito e traduziu os tomos, mas perdeu algo no processo. Não foi a melhor entrada no mercado e apesar do alto investimento, um estande em forma de castelo no encontro internacional do RPG no parque do Ibirapuera, ela sairia deste mercado meramente um ano depois.

Em 2000 começamos a jogar um sistema mais denso, Vampiro - a máscara, e temos nossos personagens até hoje, numa partida eterna que permite reunir amigos e trocar histórias ao mesmo tempo que resgata um pouco da nossa infância e inocência.

Apesar de amar o HeroQuest, ele meio que foi culpado da minha fuga do RPG nos últimos anos. É que este D&D 4ª edição praticamente reinventa o RPG, todas as aventuras prontas que requerem mapas e miniaturas, todas estas regras de combate, mais reais que a realidade, todo esse emaranhado de features & skills, meio que me cansou sabe? E foi ótimo ter descoberto, recentemente, o Old Dragon, que trás de volta tudo que o AD&D tinha de bom, num formato open-source! Ah... Deus seja louvado pelo Open-source!

Comentários

Editora Delearte disse…
Acontece que já está ficando velho e não agüenta muita informação, hehehe

Postagens mais visitadas deste blog

RPG - Classe/Raça: Kobold

Overthinking Back to the future

Geração Xerox