Resenha: Virginia Berlim


No meu apartamento coloquei o Chet Baker, e decidi abrir o wisk que eu tinha ganhado no natal do ano passado. Era o momento prum trago (…) E fiquei ali bebendo – e chapei um pouco. andava pelado pelo apartamento enquanto a agulha riscava I dont stand a ghost of a chance with you.
Se este livro virar um filme, seria um destes musicais intercalados pela trama, seria um filme para se ver um destes dias friozinhos e cinzas, com uma leve garota, para ficar com aquele peso gostoso na consciência pelo drama da história. Aliás, este livro já é um musical, como vocês podem ver abaixo.

Cheguei ao livro Virgínia Berlim, do Luiz Biajoni, através do site do Alex Castro, onde ele colocou no ar o prefácil que fez para o livro do amigo e que me encantaram imediatamente. Além disso, depois que já comprei dois livros do Alex eu estava mesmo querendo ler algo novo, e seus amigos me pareceram uma escolha bastante óbvia.

O livro trata de um rapaz sem nome, de 30 anos, localizado em “sabe Deus onde” que leva uma vida besta num emprego mais besta ainda de mezzo contador, mezzo estagiário e que, num acidente talha o próprio pé e para poder se recuperar acaba em auto-exílio no seu apartamento. Neste período em especial ele inicia um relacionamento com uma colega do trabalho, mas o maior relacionamento que ele leva durante o texto todo é consigo mesmo.

O Bia caprichou e nas palavras do Alex Castro, a maior habilidade do autor realmente é não se prender a estilos literários específicos, ao contrário, escreve de forma fluída, natural, com frases entrecortadas por ações, de uma forma bem próxima ao que se poderia esperar da vida real.

A personagem narradora do livro, em sua viagem de auto-descobrimento, ou melhor, o descobrir que não há fim numa viagem de auto-descobrimento, embarca nesta estrada regado à muita música de seus velhos vinis encostados e, de presente com o livro, está um CD com 12 destas canções deliciosas, que fazem o fundo musical e o clima do livro.

Não há como falar mais do livro ou do texto sem explicitar ou antecipar grandes detalhes, contudo posso enfatizar minha recomendação à compra deste belíssimo tomo, de capa e ilustrações internas primorosas e em sintonia perfeita com a história, com um CD maravilhoso e as letras, originais em inglês e respectivas traduções também encartadas.

Falando no livro, vale a observação sobre o trabalho primoroso que a editora “informal” ou “não convencional” Os vira lata vem fazendo, assim como foi o livro Liberal Libertario e Libertino de Alex Castro, a encadernação granpeada e simples do livro do Bia não deixa nada a desejar para qualquer livro made-in Saraiva ou outra MegaStore qualquer, ao contrário, é ótimo encontrar uma editora em sintonia com o livro que edita, e ao mesmo tempo não repassa a mixórdia de 10% do preço de capa para o autor, fica ela própria com 25% e o restode todo do escritor.

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Up-date / confissão obrigatória: Eu fiz como a personagem sugere na abertura do texto, abri minha garrafa de wisk, coloquei o CD que acompanha o livro bem alto e fiquei alí, bebericando o Wisk, degustando um cachimbo e ouvindo bem alto aquele som maravilhoso. Naquele momento eu não tinha contas para pagar nem problemas pela porta à fora da sala. Naquele momento a vida dificilmente poderia ficar muito melhor do que estava. Eu estava em paz…

Para ver o site do autor e seus outros livros: http://www.biajoni.com.br/

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