Duque de Caxias
No episódio de Os Simpsons, Homer vai a universidade, a primeira coisa que Homer faz, ao chegar na faculdade é chamar seus coleguinhas de quarto de Caxias. Sim, Caxias. No original ele dizia NERDS, mas os dubladores acharam que Caxias era mais conhecido no Brasil do que Nerds. Mas por que Caxias?
Luiz Alves de Lima e Silva foi considerado o patrono do exército brasileiro e tinha a alcunha de Duque de Caxias. Foi cadete já aos 5 anos. Viajou pelo mundo e liderou diversas batalhas no Brasil Império e foi o único homem a ser nomeado Duque durante esse período.Sua participação foi considerada decisiva para as vitórias do Brasil na batalha do Uruguai, batalha essa que levou o país vizinho, que tinha acordo de defesa bilateral (quem ataca um é atacado pelo outro) e essa guerra fez o Brasil responsável por destruir um país que já tinha feito reforma agrárias, redistribuição de renda e impostos e vivia a revolução industrial do vapor, em plenos 1880: o Paraguai.
Luiz Alves de Lima e Silva era de disciplina forte e rígido comandante, tão, mas tão metódico, que nos dias hoje (e digo hoje, querendo dizer 1980) se passou a se chamar a todos que eram muito regrados, de Caxias. "Mas você é pior que o Duque de Caxias", começaram dizendo, até a forma muito curta: "Aquele ali? É o maior Caxias...".
Como já falei aqui, eu sou viciado em leituras, desde que me minha mãe me inscreveu no programa do Círculo do Livro Mirim, um programa de assinaturas de livros mensais, como a Avon nos dias de hoje. Você recebia seus dois livros mensais e um catálogo para escolher os próximos dois. Era muito maneiro.
Carreguei para a escola este hábito de ler muito e em dado momento, fui até mesmo premiado. Maior leitor da escola, pois a cada livro que eu emprestava da biblioteca, eu fazia um fichamento do mesmo, provando que o havia lido. Rapidamente, como até nas coisas mais banais dois humanos podem competir, e ganhei um algoz pelo título de maior leitor da escola. Literalmente (com duplo sentido intencional) corríamos para a biblioteca ao nos vermos, para assegurar que "aquele" livro que eu ainda não tinha lido não seria emprestado por ele, só para me atrasar uma semana na corrida. Mas eu ganhei esta corrida e fui agraciado com um prêmio perfeitamente lógico, mas que na época eu não gostei muito: um livro, é claro...
"A palavra é... Terror", foi o livro que eu ganhei, sem muita cerimônia, uma coletânea de contos com a temática de terror. Até Cthulu foi envolvido em uma das suas histórias, antes que eu soubesse quem era esse cara...
Tamanha leitura na escola e tamanha dedicação me trouxeram desafetos. Era comum na saída da aula eu correr procurando o rosto amigo e protetor da minha mãe no portão de espera dos pais, enquanto uma pequena leva de crianças em fúria me perseguia xingando justamente á ela, minha mãe. E eu só tinha lembrado a algum professor que no dia seguinte teria prova, ou algum trabalho para entregar, que só eu tinha feito...
Naquela época, meus amiguinhos me chamavam de CDF. Cu de Ferro. Uma ofensa deferida a quem fosse demasiado estudioso, que eles diziam que o estudo era motivado por que o pobre CDF era na verdade, um baita cagão, covarde, medroso de se dar mal em algo. Eu suponho esse significado pois eu era somente o alvo da alcunha, não seu inventor.
Mas eu gostava do meu retiro espiritual trazido pelo isolamento. Dava para ler mais e meus pais se revesavam para ir nas reuniões de classe minhas. Pois eles nunca ouviriam que eu era falador, que eu conversava durante a aula, que eu fizesse nada de errado. Nope. Era eu, meus livros e o isolamento digno de um estreptococos que contraiu penicilina, pois eu era radioativo, quem andasse comigo, era pária, era um CDF.
Eu nunca tive uma reclamação de nenhum professor, até minha quinta série, quando minha professora de português chamou meus dois pais. Ela queria dizer que eu era um ótimo aluno, que eu ganhei o prêmio de leitor da escola, mas, e a professora María Alice enfatizou, mas eles deveriam abrir os olhos comigo, por que eu era muito Caxias, e eu não poderia acabar bem assim... Até tu, professora?
Luiz Alves de Lima e Silva foi considerado o patrono do exército brasileiro e tinha a alcunha de Duque de Caxias. Foi cadete já aos 5 anos. Viajou pelo mundo e liderou diversas batalhas no Brasil Império e foi o único homem a ser nomeado Duque durante esse período.Sua participação foi considerada decisiva para as vitórias do Brasil na batalha do Uruguai, batalha essa que levou o país vizinho, que tinha acordo de defesa bilateral (quem ataca um é atacado pelo outro) e essa guerra fez o Brasil responsável por destruir um país que já tinha feito reforma agrárias, redistribuição de renda e impostos e vivia a revolução industrial do vapor, em plenos 1880: o Paraguai.
Luiz Alves de Lima e Silva era de disciplina forte e rígido comandante, tão, mas tão metódico, que nos dias hoje (e digo hoje, querendo dizer 1980) se passou a se chamar a todos que eram muito regrados, de Caxias. "Mas você é pior que o Duque de Caxias", começaram dizendo, até a forma muito curta: "Aquele ali? É o maior Caxias...".
Como já falei aqui, eu sou viciado em leituras, desde que me minha mãe me inscreveu no programa do Círculo do Livro Mirim, um programa de assinaturas de livros mensais, como a Avon nos dias de hoje. Você recebia seus dois livros mensais e um catálogo para escolher os próximos dois. Era muito maneiro.
Carreguei para a escola este hábito de ler muito e em dado momento, fui até mesmo premiado. Maior leitor da escola, pois a cada livro que eu emprestava da biblioteca, eu fazia um fichamento do mesmo, provando que o havia lido. Rapidamente, como até nas coisas mais banais dois humanos podem competir, e ganhei um algoz pelo título de maior leitor da escola. Literalmente (com duplo sentido intencional) corríamos para a biblioteca ao nos vermos, para assegurar que "aquele" livro que eu ainda não tinha lido não seria emprestado por ele, só para me atrasar uma semana na corrida. Mas eu ganhei esta corrida e fui agraciado com um prêmio perfeitamente lógico, mas que na época eu não gostei muito: um livro, é claro...
"A palavra é... Terror", foi o livro que eu ganhei, sem muita cerimônia, uma coletânea de contos com a temática de terror. Até Cthulu foi envolvido em uma das suas histórias, antes que eu soubesse quem era esse cara...
Tamanha leitura na escola e tamanha dedicação me trouxeram desafetos. Era comum na saída da aula eu correr procurando o rosto amigo e protetor da minha mãe no portão de espera dos pais, enquanto uma pequena leva de crianças em fúria me perseguia xingando justamente á ela, minha mãe. E eu só tinha lembrado a algum professor que no dia seguinte teria prova, ou algum trabalho para entregar, que só eu tinha feito...
Naquela época, meus amiguinhos me chamavam de CDF. Cu de Ferro. Uma ofensa deferida a quem fosse demasiado estudioso, que eles diziam que o estudo era motivado por que o pobre CDF era na verdade, um baita cagão, covarde, medroso de se dar mal em algo. Eu suponho esse significado pois eu era somente o alvo da alcunha, não seu inventor.
Mas eu gostava do meu retiro espiritual trazido pelo isolamento. Dava para ler mais e meus pais se revesavam para ir nas reuniões de classe minhas. Pois eles nunca ouviriam que eu era falador, que eu conversava durante a aula, que eu fizesse nada de errado. Nope. Era eu, meus livros e o isolamento digno de um estreptococos que contraiu penicilina, pois eu era radioativo, quem andasse comigo, era pária, era um CDF.
Eu nunca tive uma reclamação de nenhum professor, até minha quinta série, quando minha professora de português chamou meus dois pais. Ela queria dizer que eu era um ótimo aluno, que eu ganhei o prêmio de leitor da escola, mas, e a professora María Alice enfatizou, mas eles deveriam abrir os olhos comigo, por que eu era muito Caxias, e eu não poderia acabar bem assim... Até tu, professora?
Comentários
Abraço