Fazendo a diferença...

Não planejava me extender em assuntos no blog. A idéia era falar do meu livro, que travou em 2009 e lá está, mas vou conseguir chegar a 2012 antes de 2013. Ou falar da vida, da família, dos amigos. Mas o tema de ontem repercutiu entre amigos do trabalho e da vida, e o que eu senti é que as pessoas se sentiram desafiadas, algumas ficaram ofendidas quando eu disse que basta querer para mudar, como se fosse uma crítica pessoal. Outras criticaram, aí sim, com toda a razão, ao governo e o sistema de impostos do Brasil. Como eu falei ontem, empreender no Brasil é jogar videogame no modo Hard e com controle falhando, mas dá também

Eu não sou exemplo de sucesso empresarial, ainda. Tão pouco ganhei na loteria para construir o produto dos meus sonhos, e outro tanto em convencer as pessoas que aquilo pode ser o sonho delas também. Mas a mudança pode ser feita em escalas tão distintas, e assim mesmo, fazer tanta diferença.

Domingo eu voltava do cinema, fui ver o Hobbit, e a avenida aqui perto de casa virou uma destas ciclovias de domingo de São Paulo. Aguardando o cruzamento na faixa de pedestres, noto que todos os ciclistas, sem exceção, invadiam a faixa dos carros, na frente da mulher com a bandeira que auxilia os ciclistas a verem os semáforos. Parece que motoristas ao subirem numa bicicleta se acham imunes a semáforos. Cruzo a avenida até o canteiro central, já que o danado do semáforo é em dois tempos, e vejo o motivo. Ao lado da mulher da bandeira, próximo ao meio fio, há escombros do que parecia ter sido uma tampa de bueiro. Quatro pedras do tamanho de um palmo extendido. Paro, pego as pedras, coloco no canteiro central, termino de cruzar a rua e me viro, quando o semáforo abre. Uma linha de ciclistas que não invadem mais a faixa.

Confesso, não conto isso para me exibir (apenas), mas por que eu tive muita raiva de tudo aquilo naquele momento. Eram 15 horas da tarde, e eu penso que quantos ciclistas não passaram ali, talvez mais de um vez, se arriscando na faixa dos carros, sem que uma alma tirasse as pedras? E a mulher da bandeira? Isso era o cúmulo do "não sou paga pra isso" que eu já vi. Ela está lá para sinalizar os semáforos aos ciclistas, pela segurança deles. Mas vai além de suas funções, aparentemente, tirar as pedras do caminho no momento que o semáforo está aberto.

Minha mulher, que atualmente está a 2.500 quilômetros de distância foi quem me lembrou de fazer sempre algo à mais. Meus pais já tinham me ensinado isso, mas alguns anos entre feras, como disse Augusto dos Anjos, e sentimos necessidade de também sermos feras.  Ela caminha na praia pacata de Mar Del Tuyú, cidade que vive sua mãe e avós pela praia, recolhendo sacolas e embalagens plásticas deixadas por turistas. Se vai para visitar sua avó, vai pela praia recolhendo o que passa pelo caminho. Vai no mercado? Mesma coisa. Vai para a loja de sua mãe? Ídem. Semana passada finalmente um grupo que a viu a aplaudiu. Ela, sem reverência disse, não me aplaudam, recolham as que estão próximas de vocês! E sem esperar reação, continuou fazendo seu caminho e sua tarefa.

Não acho que precisamos inventar uma indústria para termos relevância, mas nos importarmos com nossa sociedade nos dará relevância para criar produtos novos. Um recolhedor de sacolas plásticas por hora já ajudaria. Quanto a "Porta Bandeiras da Vergueiro", não acho que esteja preocupada com um plano de carreira, produtos, indústria ou sociedade... Parou no farol vermelho.

Comentários

Editora Delearte disse…
Mas como você diz, às vezes, vivendo entre feras, um se esquece de fazer a coisa certa...

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