PNOB - Pensa NO Brasil

PNOB deveria remeter à Preto no Branco, o que tirando o fato que era um fanzine/jornal preto e branco, era o exato oposto ao sentido da expressão "Preto no Branco", que em geral significa "vamos esclarecer as coisas", mas este PNOB tinha outra função, não esclarecer, imaginar, viajar nas coisas...

PNOB, uma publicação de Suzana Jardim, era uma compilação de poesias, notícias culturais relevantes do mês e um encontro mensal que servia de lançamento da edição. Custava 10 reais, mais a consumação, e cada um podia levar tantos PNOB's para casa quanto quisesse. Eu conheci a edição quando me voluntariei a enviar um texto e ele foi aprovado. Foi a primeira vez que fui a um lançamento de qualquer coisa, como um dos autores e não um dos pilantras filando o vinho, e foi também através deste jornal conheci um monte de gente interessante.

Teve uma vez que fui com um amigo da FATEC, logo no meu primeiro segundo lançamento que fui, ainda como pilantra e conheci um francês. Deus me perdoe por ter alugado o pobre francês a noite inteira, falando sobre a revolução de 1932, e sobre as marcas ainda visíveis em São Paulo. 

Quando eu já fui autor, eu descobri que eu seria avisado sempre que meus textos fossem aprovados. Foi num destes lançamentos, chegando no restaurante onde o evento se dava que eu vi a Suzana Jardim (auto-denominada Jornalouca) vindo na minha direção e gritando algo: Safa! Safa! E eu, com aquela culpa cristã pré embutida na alma de cada um de nós, já me perguntava o que eu tinha feito de errado e se dava para consertar, quando finalmente eu entendo o que ela está dizendo: Capa! Capa!, meu texto tinha sido capa! Como a própria Suzana já não editava o jornal, tudo era terceirizado, ela só viu que meu texto foi capa quando abriu os envolopes de papel pardos, que vinham da gráfica, e ela estava tão ou mais feliz do que eu, do meu texto ter sido capa. Era um texto sobre o aniversário de São Paulo, 450 anos! Deus, como o tempo passa...

Em geral os encontros do PNOB eram movidos aos sarais, participações especiais, como aquela vez que os dubladores da Chiquinha (do Chaves), do Chuck Norris e do Charles Bronsom se apresentaram. Foi bem no dia que Charles Bronsom morreu. Levados pelo momento e pelas cervejas, mal o deixamos se apresentar, brincando como ele tinha perdido o emprego aquele dia. Piadas ruins me atormentam todas as noites. Em geral, esta é uma das primeiras à vir pesar na minha consciência.

Mas o evento tinha outros lances, como conversar com pessoas do país inteiro que vinham ao lançamento. Um coronel da Polícia Militar, acho que retirado, era um dos papos mais fluídos e gostosos do evento. Falávamos sobre o livro dele, sobre a legalização da rádio pirata, como pináculo de civilidade nas "comunidades", falávamos de Chico Buarque, de Manuel Bandeira e eu, cada vez que ficava bêbado (~apaga~), eu recitava O Corvo, de Edgar Alan Poe. Todos e cada um dos que foram aos lançamentos ganharam sua vaga no céu, por me agüentarem.

Seja como for, hoje é dia 25, e é aniversário de São Paulo. As coisas nesta cidade nunca estiveram tão longe de serem Preto no Branco, mas Pensa no Brasil, e Pé no Breque da violência, que Pára no Botequim, Papo no boteco e Passado no Brazão, como diz Chico Pinheiro, graças à Deus, hoje é sexta feira, é vida que segue. Feliz aniversário São Paulo.

Para ler meu texto de estréia no PNOB: http://emanuel.campos.googlepages.com/pnob_5.pdf
Para ler o texto sober São Paulo e seu aniversário: http://emanuel.campos.googlepages.com/pnob_7.pdf
Para ler o PNOB que falo sobre Manuel Bandeira, só clicar aqui: http://emanuel.campos.googlepages.com/pnob_9.pdf

Comentários

Editora Delearte disse…
Para ingressar aos googlepages é necessário de permissão! Buah! "Piadas ruins me atormentam todas as noites"...e agora vc castiga ao mundo, hahaha!

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