Um incosciente ativo, um consciente dormente

Eu faço parte da Skynerd, uma rede social brasileira, idealizada por Alexandre Ottoni e Deive Pazos, os fundadores do site de informação, cultura e entretenimento Jovem Nerd. Não faço parte da rede por querer por um rótulo à mim mesmo, de nerd, termo que está tão na moda hoje e tantas pessoas se auto-denominam Nerds, quando eu fugia chorando dos meus "amiguinhos" que bradavam CDF e tinham livros grossos às mãos, mas era para baterem em mim com eles.

Eu faço parte da Skynerd pelos mesmos motivos que joguei RPG's como Desafio dos Bandeirantes, Tagmar e Daemon, pelas mesmas razões que gastava meus cobres, antes num ilustre desconhecido brasileiro que em Dan Brown, chegando anos atrasado na hype do escritor norte-americano. Nada disso. Eu faço parte da Skynerd pela mesma razão que já citei aqui antes, no texto Loterias, a culpa é daquela minha veia nacionalista. Eu gosto de valorizar o produto nacional. Se não posso criar algo, ou colaborar ativamente com algo, eu ao menos faço parte da massa de adesão. Para que haja uma massa de adesões é preciso que individualmente, cada um se envolva, para formar a dita massa. Ironicamente a rede social tem seu nome derivado de duas coisas norteamericanas, a fictícia rede de computadores que se torna consciente e deseja destruir o homem, a SKYNET do filme O Exterminador do Futuro (Terminator) e da mesma expressão que busco não me rotular, NERD.

Diferente do Facebook ou do primo mais velho e pouco respeitado, o Orkut, a Skynerd ainda tem poucos participantes e regularmente dá algum problema, chamado Bug. Na Skynerd você tem níveis, como nos jogos de RPG, que vão subindo na proporção que você participa, escrevendo, comentando e sendo avaliado (Megabogado é como se diz "curtido" por lá, o equivalente ao Like). Lá você também acumula Badges, premiações por participar de tópicos e reuniões online como Hangouts do Google+. Logar-se durante o lançamento do filme O Hobbit? Badge. Esperar o Fim do Mundo Maia num Hangout com os criadores do sistema? Badge, "Apocalipse Fail". Estar logado durante a virada de ano? Badge: Forever Alone! (Sério, o que você fazia numa rede social durante a virada de ano? Merecido!).

Outra diferença da Skynerd para outras redes sociais são os temas abordados nela: Quadrinhos, Cinema, Literatura, RPG, Games, Memes, mas também tem ciências (Acompanhar o pouso da Curiosity Roover em Marte online? Badge!) e artigos muito interessantes. Muito material ainda é "Quibado", isto é, copiado de algum outro lugar, com referência ao autor quando o mesmo é conhecido, ou sem nada, só postado lá para os outros aproveitarem. Através da Skynerd conheci uma versão para One Direction que fazia uma paródia do filme O Senhor dos Anéis. Ví ainda um canal interessantíssimo do YouTube: Everything Wrong with..., que faz uma contagem das falhas de roteiro ou coisas que os criadores simplesmente não concordam em diversos filmes. Sempre falado mais rápido que corrida de cavalos e com até quatro ou cinco minutos no máximo.

Entre um post e outro, eu li de um colega uma entrevista dada pelo filho de John Ronald Ruel Tolkien, o famoso J. R. R. Tolkien, chamado de Christopher Tolkien, onde ele rejeitava o filme O Hobbit. A chamada da matéria dizia: "As palavras do meu pai foram distorcidas e transformadas numa aventura adolescente para entreter jovens". Eu dei de ombros, mas cada aqui e ali eu lembrava dessa entrevista. E lembrava como havia lido que o próprio Tolkien sonhava modificar O Hobbit, que era e é muito infantil, para ficar mais próximo ao nível que ele atingiu em O Senhor dos Anéis. Mas vivia postergando isso. E dava de ombros. Ouvia um Podcast sobre o tema, lembrava da entrevista do Chris, e dava de ombros, até que uma lenta mas contínua raiva foi crescendo na minha mente.

Como diabos esse bastardo que nada fez além de colocar notas em textos incompletos de seu pai, baseado no que ele acha que era a direção do texto que seu pai iria adotar em conversas que eles mantinham, pode julgar o filme desta forma e defender o trabalho que nem é dele? Por Deus, é óbvio que filmes mudam o sentido do livro. Não pode ser ipsis literis ao livro. Tem que agradar mais gente, tem que ser mais dinâmico, tem que ser para pessoas sem "background" com a obra ou com literatura. É claro que o livro vai mudar.

Mario Amaya, colunista da MacMais e uma pessoa que eu admiro muito, apesar e por causa de sua personalidade forte, escreveu uma vez: "Se o Senhor dos Anéis fosse fielmente adaptado ao cinema, ele seria no mínimo, um musical!". Eu realmente não posso dizer que o filme "O Hobbit" fez minha cabeça explodir. Foi legal. Muito legal. Mas foi o que eu esperava. Até mesmo achei o filme muito parecido sim ao livro, tirando que quase todas as músicas foram suprimidas. Menos justamente a música de batalha dos anões. Essa sim, fantástica. E fiquei e estou muito inconformado com as palavras do filho de Tolkien. Por quem eu já não nutria muita simpatia, mas agora é uma antipatia bem formada.

Impressiona à mim mesmo o quanto este sentimento de raiva foi sendo nutrido na minha mente, sempre voltando à memória em momentos que o automático assume, quando estou dirigindo, por exemplo, tal e qual um refrão de uma música ruim. Pensei que meu consciente queria rejeitar de alguma forma aquilo que o inconsciente tinha visto. Acho que acertei, mas também acho que é o Chris Tolkien quem tem algum problema, consciente e inconsciente...

E obrigado Skynerd, por me fazer refletir tanto sobre isso...

Para você conhecer o Jovem Nerd, acesse: http://www.jovemnerd.com.br
Para conhecer a Skynerd e juntar-se aos bons (ou nos perseguir com tochas e gritando CDF! CDF!): http://www.skynerd.com.br
Para ouvir um podcast dos próprios criadores do portal Jovem Nerd sobre o filme (contém spoilers):
http://jovemnerd.ig.com.br/nerdcast/nerdcast-343-o-hobbit-uma-jornada-esperada/

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