Baladas
Eu não sabia o que eram baladas até o segundo ano do colegial. Ingressei no colegial como terceiro lugar do vestibulinho e minha rotina de nerd ficou inalterada até então, eu acordava cedo, pegava o ônibus, ia para a escola estudar. Nada mais fácil, nada mais simples. Surpreendente eu fiz amigos no colegial, algo que eu não tinha assim, muitos, no ginásio ou primário. Darwin e um processo seletivo, chamado vestibulinho, me ajudaram a cair entre pares em estudos, eu imagino.
Mas ainda assim, havia uma segunda sala, de um povo um pouco menos estudioso na opinião da direção da escola, e a solução, claro, para eles, era mover os mais CDFs da sala 1 para a sala 2. Não sei quem em sã consciência acha que colocar quatro párias sociais em outra sala iria ajudar, mas o fato é que eu e mais três pessoas mudamos de sala no ano seguinte, sem aviso prévio.
Só para ficar claro como eram nossas habilidades sociais, nem sequer na sala nova, formamos um grupo. Sentamos cada um em uma ponta diferente da sala. Éramos estranhos até entre nós mesmos. Minha alegria fica maior ainda, quando vejo que o lugar que fiquei na sala foi numa roda de pessoas cabeludas, usando jeans escuros, dedos indicadores amarelos pelo cigarro, corrente no lugar de cinto e camisetas de bandas de rock. Imagens do meu ginasial, sendo perseguido pela turba como Dr. Frankstein, vieram à minha mente. Engoli seco e fiz o que fazia melhor. Fiquei imóvel, quieto e estudando. Por dois dias.
No terceiro dia, alguém me pede uma caneta. Outro me pergunta algo da matéria. "Bons dias", "Bons dias". Quando me dou conta, um dos caras me fala: "Topa ir na balada hoje?". E eu topei. Não tinha jardim em casa para ficar vendo a grama crescer e a matéria estava adiantada. Por que não?
Ainda me lembro da minha mãe, quando voltei à primeira manhã depois da noitada para casa. Sentei próximo à seu quarto e falei, com entusiasmo de uma criança mostrando um brinquedo novo, como eu tinha descoberto para pegar a comanda que dava acesso à bebidas, que bebidas tinha tomado. A mistura que eu tinha feito, como tinha sido divertido, e depois, ia dormir feliz, a manhã toda.
Muito mais tarde, vim a saber que minha mãe ficava desesperada quando eu fazia isso. Imagina, um menor, enchendo a cara, e ainda se gabando para a mãe as malandragens que tinha feito. Minha mãe tinha intensão de me encher de tapa, para eu perceber o que eu estava fazendo. A sorte, é que meu pai, macaco velho, dizia à ela: "Se você fizer isso, ele vai perceber o que está fazendo, e vai parar de nos contar... Deixa o menino...", e ela deixava, me dando corda para me enforcar, mas nunca pisei no cadafalso. Mesmo quando voltava trelelê, a minha própria condição social me impedia de beber até cair, e eu voltava para casa, feliz, sem pegar ninguém, mas rindo com meus novos amigos.
Nenhuma balada era uma rotina, sempre haviam as diferenças, as mulheres que eu quase namorava, mas uma balada pede uma lembrança especial, aquela em que meu amigão Julio pegou fogo. Fomos em uma destas baladas, próximas à Vila Madalena, próximas à Pinheiros. Era uma casa muito moderna para sua época, com balcões de vidros, vários spots de luz e bastante bonita a casa. Mas as coisas na noite tinham sido de rotina, ninguém tinha pegado ninguém e nós terminamos a noite gastando aquele extra que tínhamos para gastar com alguém, se achássemos alguém. O Julio pediu guaraná com Wisky e eu me distraí, ofendendo-o pela mistura, quando ele me interrompe e fala: "que cheiro de queimado, né?" e eu, sem dar muito importância, falei que deveria ser esses spots, enquanto ambos estávamos derrubados sobre o balcão. Foi ele que reparou o que aconteceu e me despertou do topor dizendo: "Manu, to pegando fogo!", seu bolso, que deve ter ficado tocando o spot de luz, se incendiou! E eu não sabia se jogava o wisky nele, com medo que pegasse mais fogo, ou se ria da cena, dele golpeando o bolso de sua camisa. Foi divertido, ninguém, exceto a camisa, se feriu, e até hoje, Julio é o homem tocha do nosso grupo...
Foi um período divertido...
Mas ainda assim, havia uma segunda sala, de um povo um pouco menos estudioso na opinião da direção da escola, e a solução, claro, para eles, era mover os mais CDFs da sala 1 para a sala 2. Não sei quem em sã consciência acha que colocar quatro párias sociais em outra sala iria ajudar, mas o fato é que eu e mais três pessoas mudamos de sala no ano seguinte, sem aviso prévio.
Só para ficar claro como eram nossas habilidades sociais, nem sequer na sala nova, formamos um grupo. Sentamos cada um em uma ponta diferente da sala. Éramos estranhos até entre nós mesmos. Minha alegria fica maior ainda, quando vejo que o lugar que fiquei na sala foi numa roda de pessoas cabeludas, usando jeans escuros, dedos indicadores amarelos pelo cigarro, corrente no lugar de cinto e camisetas de bandas de rock. Imagens do meu ginasial, sendo perseguido pela turba como Dr. Frankstein, vieram à minha mente. Engoli seco e fiz o que fazia melhor. Fiquei imóvel, quieto e estudando. Por dois dias.
No terceiro dia, alguém me pede uma caneta. Outro me pergunta algo da matéria. "Bons dias", "Bons dias". Quando me dou conta, um dos caras me fala: "Topa ir na balada hoje?". E eu topei. Não tinha jardim em casa para ficar vendo a grama crescer e a matéria estava adiantada. Por que não?
Ainda me lembro da minha mãe, quando voltei à primeira manhã depois da noitada para casa. Sentei próximo à seu quarto e falei, com entusiasmo de uma criança mostrando um brinquedo novo, como eu tinha descoberto para pegar a comanda que dava acesso à bebidas, que bebidas tinha tomado. A mistura que eu tinha feito, como tinha sido divertido, e depois, ia dormir feliz, a manhã toda.
Muito mais tarde, vim a saber que minha mãe ficava desesperada quando eu fazia isso. Imagina, um menor, enchendo a cara, e ainda se gabando para a mãe as malandragens que tinha feito. Minha mãe tinha intensão de me encher de tapa, para eu perceber o que eu estava fazendo. A sorte, é que meu pai, macaco velho, dizia à ela: "Se você fizer isso, ele vai perceber o que está fazendo, e vai parar de nos contar... Deixa o menino...", e ela deixava, me dando corda para me enforcar, mas nunca pisei no cadafalso. Mesmo quando voltava trelelê, a minha própria condição social me impedia de beber até cair, e eu voltava para casa, feliz, sem pegar ninguém, mas rindo com meus novos amigos.
Nenhuma balada era uma rotina, sempre haviam as diferenças, as mulheres que eu quase namorava, mas uma balada pede uma lembrança especial, aquela em que meu amigão Julio pegou fogo. Fomos em uma destas baladas, próximas à Vila Madalena, próximas à Pinheiros. Era uma casa muito moderna para sua época, com balcões de vidros, vários spots de luz e bastante bonita a casa. Mas as coisas na noite tinham sido de rotina, ninguém tinha pegado ninguém e nós terminamos a noite gastando aquele extra que tínhamos para gastar com alguém, se achássemos alguém. O Julio pediu guaraná com Wisky e eu me distraí, ofendendo-o pela mistura, quando ele me interrompe e fala: "que cheiro de queimado, né?" e eu, sem dar muito importância, falei que deveria ser esses spots, enquanto ambos estávamos derrubados sobre o balcão. Foi ele que reparou o que aconteceu e me despertou do topor dizendo: "Manu, to pegando fogo!", seu bolso, que deve ter ficado tocando o spot de luz, se incendiou! E eu não sabia se jogava o wisky nele, com medo que pegasse mais fogo, ou se ria da cena, dele golpeando o bolso de sua camisa. Foi divertido, ninguém, exceto a camisa, se feriu, e até hoje, Julio é o homem tocha do nosso grupo...
Foi um período divertido...
Comentários
Bjs
Não sabia dessa história!
Finalmente entendi o apelido!