Canal da Mancha
No momento em que isto estiver publicado, eu espero já ter acabado o tratamento do meu primeiro canal dentário, que saiu tão caro que tive que perguntar para a dentista se não era o Canal da Mancha que ela planejava fazer...
Nunca tive nenhum cuidado especial pelos meus dentes, mas grandes como a muralha da China, tão pouco eles requerem muitos cuidados. Sem falsa modéstia, dava para limpá-los com uma vassoura. E assim, como os planos de saúde odontológica são caros e nunca cobrem tudo, deixando a nata dos tratamentos realmente necessários para se comprar avulso, eu nunca tive um plano, até ter dor de dente.
Meu molar traseiro direito deve doer há mais de um ano. Mas como era uma dor administrada, eu nunca me esquentei. Doía, eu comprava uma pasta para dentes sensíveis. Voltava à doer, eu esfregava o dente com mais força. A dor passava, voltava o relaxo nos cuidados também. Até que de súbito, sem aviso prévia, a dor explodiu no meu dente, numa quarta feira. Liguei para o dentista. Sexta tinha horário. Marquei.
A primeira sensação de entrar num consultório de dentista, depois de uns quatro anos, é o cheiro tradicional. Aquele cheiro de produtos de limpeza bocal e algo mais químico no ar. A segunda sensação é uma lembrança, do filme Máquina Mortífera 4, e a impagavel cena dos nossos heróis no consultório dentista.
Por fim, a moça olhou bem meus dentes, ficou mal humorada quando soube que há 4 anos eu não visitava um dentista, mas eu relevei. Quando ela me deu o preço, eu sim, fiquei mal humorado. Quase dois barões para tratar um canal. Nem o da mancha, nem o do Airton Senna, embaixo do lago do Ibirapuera, em São Paulo. Só um molarzinho besta.
Pior mesmo, foi o tratamento. Se o que forma um super-herói a resistência não natural que ele tenha a elementos, eu de todos os poderes possíveis, fui escolher alta resistência a anestesia. Dá-lhe agulhadas. Uma, Duas, Três. E nada. A mulher me pergunta, sondando se deveria seguir, mesmo com a anestesia parcial (a boca toda, menos o dente doendo), "seus dentes são muito sensíveis?", e eu respondo: "Moça, cada um deles é um poeta romântico". Desistimos. Remarcamos. Começamos de novo, paramos. Levou 10 sessões o que se faz em 4, até que ela conseguisse pinçar o tal do nervo irritado, muito irritado. E ele parecia com o pequeno coração do clipe do Green Day novo, Stray Heart...
Por fim, como tudo acaba um dia, ao final de 3 restaurações, um canal, limpeza e flúor aplicado. Agora tenho um dente morto na boca e dois paus à menos na conta. Ninguém ganha nessa história. Exceto a dentista, é claro...
Para conferir o clipe que citei: https://www.youtube.com/watch?v=sN0b-adUt9I
Nunca tive nenhum cuidado especial pelos meus dentes, mas grandes como a muralha da China, tão pouco eles requerem muitos cuidados. Sem falsa modéstia, dava para limpá-los com uma vassoura. E assim, como os planos de saúde odontológica são caros e nunca cobrem tudo, deixando a nata dos tratamentos realmente necessários para se comprar avulso, eu nunca tive um plano, até ter dor de dente.
Meu molar traseiro direito deve doer há mais de um ano. Mas como era uma dor administrada, eu nunca me esquentei. Doía, eu comprava uma pasta para dentes sensíveis. Voltava à doer, eu esfregava o dente com mais força. A dor passava, voltava o relaxo nos cuidados também. Até que de súbito, sem aviso prévia, a dor explodiu no meu dente, numa quarta feira. Liguei para o dentista. Sexta tinha horário. Marquei.
A primeira sensação de entrar num consultório de dentista, depois de uns quatro anos, é o cheiro tradicional. Aquele cheiro de produtos de limpeza bocal e algo mais químico no ar. A segunda sensação é uma lembrança, do filme Máquina Mortífera 4, e a impagavel cena dos nossos heróis no consultório dentista.
Por fim, a moça olhou bem meus dentes, ficou mal humorada quando soube que há 4 anos eu não visitava um dentista, mas eu relevei. Quando ela me deu o preço, eu sim, fiquei mal humorado. Quase dois barões para tratar um canal. Nem o da mancha, nem o do Airton Senna, embaixo do lago do Ibirapuera, em São Paulo. Só um molarzinho besta.
Pior mesmo, foi o tratamento. Se o que forma um super-herói a resistência não natural que ele tenha a elementos, eu de todos os poderes possíveis, fui escolher alta resistência a anestesia. Dá-lhe agulhadas. Uma, Duas, Três. E nada. A mulher me pergunta, sondando se deveria seguir, mesmo com a anestesia parcial (a boca toda, menos o dente doendo), "seus dentes são muito sensíveis?", e eu respondo: "Moça, cada um deles é um poeta romântico". Desistimos. Remarcamos. Começamos de novo, paramos. Levou 10 sessões o que se faz em 4, até que ela conseguisse pinçar o tal do nervo irritado, muito irritado. E ele parecia com o pequeno coração do clipe do Green Day novo, Stray Heart...
Por fim, como tudo acaba um dia, ao final de 3 restaurações, um canal, limpeza e flúor aplicado. Agora tenho um dente morto na boca e dois paus à menos na conta. Ninguém ganha nessa história. Exceto a dentista, é claro...
Para conferir o clipe que citei: https://www.youtube.com/watch?v=sN0b-adUt9I
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