Meias vermelhas & Verdades Inteiras

Cheguei ao lançamento da semana da editora Os Viralata, um bar destes de esquina, na Vila Madalena. Muito bonito, escuro e com mesas na "sacada" que era coberta e no lado de dentro. Caro como o diabo. Na ida, liguei para toda a tropa do Paroles, meu antigo fanzine, que residia em São Paulo. Ninguém poderia. Não os culpo, eu mesmo soube de última hora, vendo posts antigos do Alex Castro no blog dele. Se o Albano Martins produziu um livro, é bom. Esta certeza cega me perseguia desde o primeiro livro do Alex Castro que eu comprei, Liberal Libertário Libertino, até os livros do próprio Albano, digo, Branco Leone, seu alter-ego blogueiro. O é algum dia da semana 20 de novembro de 2007...

O lançamento desta semana era duplo ainda por cima. Olívia Maia lançava (relançava?) o seu livro policial maravilhoso, Operação P2. Marcos Donizetti lançava o seu livro, Meias Vermelhas & Verdades Inteiras. Eu tinha acabado de ler Virgínia Berlim e queria mais daquele sentimento melancólico gostoso do livro do Biajoni. Chego no bar, lugar cheio. Como falei, os lançamento de Os Viralata se dão em bares, mescigenados à outros presentes do bar, outrens alheios que escritores circulam entre um gado cativo da rotina trabalhar-beber-ir pra casa-trabalhar. Identifico a mesa com os livros, próxima a entrada que eu passei, duas meses juntas. Três pessoas atrás e ninguém do outro lado. Ou estão pintando a santa ceia, ou são os autores.

Sento na mesa próxima, para ter onde apoiar meu chope, benefícios do transporte público. Tem mais uma pessoa na mesa, peço licença para dividir o espaço próximo e aproveito para perguntar "está aqui pelo lançamento?". "Sim", me responde ele. "Por qual escritor você veio?"e ele "Por mim mesmo, sou o Doni".

Putz. Lá estava eu, dividindo a mesa com o Donizete. Sei lá se ele se lembra de mim, como já mencionei, eu fico nervoso nestas horas de encontrar gente legal e falo um monte de merda. Passamos a noite entre seus autógrafos, comentando literatura. Alex, Branco, Olívia. Me permito a uma piadinha com a Olívia Maia e pergunto se dá para ler Operação P2, sem ter lido a P1. Ela rí, por pessoal legal que é. Devem ter feito um milhão de vezes esta mesma piada. No meio da noite, já próximo das 23, o assunto morre, e eu, sozinho, decido que é hora de ir. Aboletado de 3 livros novos, Operação P2, Meias Vermelhas & Verdades Inteiras e Indecentes, de Branco Leone. Tinha diversão para a próxima semana.

Sobre o livro, minhas opiniões do meu jornaleco da época, um fanzine em PDF chamado Paroles:

Resenha:

Marcos Donizetti, o Doni do blog Hedonismos, lançou seu primeiro livro e está feliz da vida. Não pra menos. Primeiro, que o livro diagramado pelo Branco Leoni e revisado pela Olivia Maia, está lindo. Lindo de morrer, tanto na primorosa capa quanto nas fotos do interior da obra, bem escolhidas.

Segundo, que o livro vendeu bem pra burro no seu lançamento, no Genial. Mais que a famosa jornalista, modelo nua e amante de senador, Mônica Veloso. O sucesso deixou Doni ambicioso, agora ele quer vender mais que playboy da mesma Mônica. Ok, acho que literatura não ganha de mulher pelada sem que fosse o sangue de Shakespeare.

Mas o Doni pode ter ainda mais um motivo para estar feliz, seu livro, além de lindo e bom de vender é também muito bom de ler. Como poucos, mesmo entre as grandes editoras, ao menos neste ano. Uma coletânea de paixões que foram ou não bem sucedidas, às vezes os textos soam alto biográficos, mesmo quando o protagonista é mulher; outras vezes os textos parecem elucubrações, devaneios e sonhos, uma mulher ideal, ou idealizada, uma mulher amaldiçoada por sua beleza, ou ainda encontros juvenis, que deixamos quando crescemos e nunca mais reencontramos.

Mas seus contos escondem, penso eu, uma certa linha do tempo, como um filme com histórias não paralelas mas que no final, se cruzam. Os romances entre Júlia e Lucas da obra exemplificam estas tramas enroladas. Há mais do que isso, claro, mas contar isso aqui, seria estragar as surpresas de uma grande leitura.

Doni tem um estilo gostoso de escrever, fluído, sem rebuscados arabescos ou rococós barrocos, o que é surpreendente, dada sua formação, psicólogo, geralmente tão envolto em palavras complexas, mas não, seu texto é levemente poético, levitam, como levitamos nós ao nos apaixonarmos.

Só porque sei que ele não gosta de classificações em rostinhos, lhe prestigio com 5, de 1 a 5 aliens:


Avaliação da obra:

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