"Muito depressivo"

Começo a receber as primeiras críticas à compilação de meus textos da minha juventude/adolescência tardia. Textos de 98 à 2004, que coletei no livro Rotas de Fuga, e que já falei aqui. E está a venda. Você também poderá critica-lo se compra-lo!

O livro está à venda há um mês, mas como estou esperando o ISBN chegar, ainda não coloquei a versão com capa preta e um texto extra à venda (edição que todos os compradores atuais irão receber, na forma de um PDF do livro), mas até lá, vamos rever o livro?

"Muito depressivo", foi o comentário feito pela minha mãe. E por minha esposa. O livro é realmente depressivo. Eu estava num período onde eu trabalhava de domingo à domingo, em todos os empregos que eu estava. Era incrível, atuando no setor técnico, numa área de criação ou mera administração, eu conseguia criar trabalhos para eu mesmo realizar. Sem nunca ter cobrado (ou recebido) hora extra, em nenhuma das empresas pelas quais passei. Pensava que não era justo cobrar pelas horas extras, eu estava aprendendo e tals, e Deus sabe que eu também tive minha cota de erros nestas empresas por onde passei. Também não era registrado em quase nenhuma delas. Era estagiário, ilegal ou PJ ao longo deste período. Em resumo, eu trabalhava feito um camelo e ganhava menos que ração para galinhas.

Por esse motivo que os textos passaram a abordar meu desconforto com o mundo ao meu redor. Eu não me sentia bom o bastante para estar naquele mundo, pois nem trabalhando de domingo à domingo, meu dinheiro sobrava, nem a efetivação era oferecida, nem qualquer forma de reconhecimento aparecia. Eu flutuava entre a área comercial e técnica neste período, tentando descobrir à que me dedicar e o que poderia me dar mais dinheiro, para eu pagar as contas que subiam exponencialmente. Conforme eu buscava em posses a satisfação não advinda do trabalho.

Enquanto outras pessoas, amigos, colegas e familiares iam ganhando sua notoriedade com seu sacrifício ao trabalho, eu continuava neste período, divagando entre a literatura e uma dedicação sobre-humana ao trabalho, para acompanhar amigos, baladas, meus textos e meu emprego. Não era ruim no trabalho, mas também não era brilhante. E isso me frustrava, até eu entrar no Marketing, na Universidade Nove de Julho, veja só você.

Na universidade, como já falei aqui, eu me encontrei. Encontrei amigos para chama-los assim, encontrei matérias que me satisfaziam, me intrigavam e me instigavam. E dei um sentido para minha vida (para a direita), no qual eu comecei a trabalhar melhor, deixei os textos maníacos-depressivos para trás e a vida me sorriu. Não que eu tenha atingido a invejada estabilidade e ganhado viagens internacionais, ainda não, mas nunca estive tão confiante que elas chegarão.

Hoje, acho que eu nem poderia escrever textos tão depressivos de novo. Não sou mais aquele Emanuel, mas por outro lado, não queria voltar a ser ele mesmo...

E você, o que achou dos textos?

Comentários

Editora Delearte disse…
Ainda estou lendo os contos mas os que li, sim, são depresivos. "Pobre paulista" no entanto acho que é uma descrição perfeita de muitas pessoas, não só de você...e tem outros como "Afinal, o que le choca?" que também abrangem a outras muitas pessoas que devem achar a mesma coisa.

Postagens mais visitadas deste blog

Geração Xerox

RPG - Classe/Raça: Kobold

Overthinking Back to the future