Quando minha esposa pegou fogo

Eu acho que eu tenho histórias interessantes, com a bebedeira, com cigarros e com um dos meus melhores amigos pegando fogo na balada. Pois é. Só que não. Quando contei essa história para minha mulher, do Julio pegando fogo, ela me disse que ela teve uma experiência parecida.

Fora da sala de aula, ela e as amigas foram comer bolachas. Suas amigas fumavam, ela não, mas tudo bem. Elas ficavam ao lado de uma fonte, do lado da saída da escola, e enquanto suas amigas fumava, ela devorava o pacote de doces. A cada tanto, limpando a mão no avental de professora, que ela usava no curso de magistério.

Foi quando sua amiga lhe pediu para segurar seu cigarro, enquanto ela, a amiga, ia fazer qualquer outra coisa. Minha esposa, que tem o poder de concentração de um mosquito, olhou o pacote de bolachas, lembro que tinha fome e voltou a comer. Suas amigas começaram a conversar, parece que alguém tinha caído e elas se distraíram rindo disso, quando alguém comentou: "tá sentindo um cheiro de queimado?", e todas concordaram, olhando ao redor, procurando a fonte. Foi sua amiga que observou que a fumaça saia delas, mais precisamente, da minha esposa. Ela estava em chamas!!

Acontece que a cabeça de minhoca da minha esposa esqueceu que cigarros acesos queimam, e para poder continuar comendo, guardou o cigarro no bolso do avental de professora, e o cigarro queimou o avental e começou a pegar fogo na roupa dela. Ela, que pensa rápido, se jogou na fonte de água verde e turva e salvou-se do incêndio, mas surgiu um novo problema: como explicar para sua mãe, que ela que não fuma, tinha uma queimadura de cigarro na roupa, que o cigarro não era dela (ahã, sei...) e que ela estava guardando para uma amiga? Pior, que ela só se queimou por que sua cabeça de vento esqueceu dos cigarros quando viu o pacote de bolacha numa mão e ela apenas queria comer suas bolachinhas?

Desnecessário dizer que sua mãe não acreditou nela, ela ficou de castigo e ainda teve que gastar num avental novo...

O fogo e eu também temos uma relação única. Quando penso no quanto culpam os pais cada vez que os filhos fazem algo errado, eu me lembro da minha infância, o quanto eu fugia dos olhares dos meus pais, esperava aquele momento, aquela janela, onde ambos estava ocupados, para eu também fazer algo que eu sabia que eles desaprovavam. Como acampar embaixo da cama...

Quando criança, meu sonho era ser escoteiro, mas meus pais nunca deixaram, e eu, sonhava em acampar, mas nunca pude. Até um dia, que minha mãe estava distraída na cozinha, e meu pai, ocupado com meu irmão. Fui então ao quarto do casal, inclinei a cama da minha mãe (ela tinha dois calços para os pés da cama, feitos para deixar seus pés mais altos, necessidades do período de gravides da minha mãe, do meu irmão caçula, mas que depois ficaram orbitando a casa, hora servindo de brinquedos, hora voltando à função original).

A cama inclinada, parecia, na minha cabeça, uma cabana destas de acampamento, e eu ficava lá em baixo, como um soldado acampando. Só faltava uma coisa para completar o cenário. A fogueira, é claro. Mas naquela noite, eu tinha tudo preparado, e tinha pegado uma caixa de fósforo. Coloquei os fósforos, como se fossem lenhas destas fogueiras de desenho, formando um círculo, com as cabeças ao centro, risquei outro, para acender minha fogueira e <<PUFF>> minha fogueira explodiu! E pior, bem no momento em que meu pai e meu irmão subiam ao quarto e meu irmão falava (aquele X9!), "Tá sentindo um cheiro de queimado?", e meu concordando, foi me farejando, até debaixo da cama, onde o carpete pegava fogo e eu me escondia...

Só faltam mais dois anos para eu sair do castigo!

Comentários

Lord Julio disse…
hahahahahaha conheço bem este período de castigo..ainda bem que faltam apenas 2 anos né? Mas no meu caso foi combustão espontânea, tipo o Tocha Humana, só não encontrei o restante do grupo pra formar o Quarteto Fantástico.

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