Suportes narrativos
Existem várias ferramentas que um autor pode lançar mão como suporte narrativo. Em geral, o maior problema das obras, maiores o quanto mais distantes estiverem da realidade cotidiana, é explicar ao leitor/espectador, o que diabos está acontecendo.
Nos filmes de ficção você sempre tem aquela pessoa de origem humilde, um predestinado ou um escolhido ou ainda alguém carregado pelo mero acaso, que acabam perguntando muito no início do filme o que é isso/o que é aquilo. Conforme ele recebe explicações, "O que são mid-clórians?", pergunta o pequeno Anakin Skywalker, ele e o leitor vão aprendendo à respeito do universo criado pelo escritor. Harry Potter, por não saber que era bruxo até a data de suas aulas, teve que aprender todos os nomes e termos do meio, e assim o leitor aprendia. Na ficção científica, sempre há alguém que está explicando o que faz, para se exibir, ou por que tem um "novato" ao seu lado, para aprender, junto do expectador. O uso de aparelhos de ficção científica também se apoiam em alguém explicando para o leitor/espectador o que está acontecendo.
Nas séries de TV, acho que nenhum caso descreve este uso tão bem, quanto a estagiária de CSI Las Vegas. Holly Gribbs é uma estagiária no setor da polícia científica, filha de uma tenente (do trânsito, se não me engano), ela decide se aventurar pela formação mais acadêmica, tendo feito academia policial (Loucademia?), e depois enveredando numa carreira científica. Ela dura apenas um episódio, mas foi o bastante para através dela, o espectador conhecer bem tudo que acontece na série. Quem é cada um dos personagens, o que fazem, como trabalham, e tantos outros detalhes.
O Guia do Mochileiro das Galaxias, o livro Douglas Noel Adams, é famoso por suas notas de rodapé. Tão grandes que por vezes têm quase mais texto que a própria página onde fazem nota. No filme, o recurso do narrador era inevitável e para fazer a adaptação para o cinema brasileiro então? Foi necessário manter José Wilker mesmo na versão legendada, dublando em português, para que não houvesse grande quantidade de texto sobre as animações que faziam as "notas de rodapé" ilustradas. O narrador é outro recurso comum de ser utilizado, mas convenhamos, o narrador também distancia o leitor/espectador da ação principal, através deste intermediário.
Foi Bertolt Brecht quem criou a escola de teatro que busca justamente, criar a maior distância possível do espectador para peça. Um exemplo clássico das obras de Brecheret em sua estética, está no filme Dogville, com Nicole Kidman. O movimento de Bertolt Brech foi chamado de Dogma 95, e assim como ele apregoa, o filme de Lars von Triers não utiliza trilhas sonoras, deslocamentos geográficos, câmeras de mão, fugindo à regra apenas no uso de gruas e iluminação para acentuar o clima. (texto da wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Dogville)
No meio termo deste sobressalto, temos Joss Wheldon, famoso por dirigir o filme Vingadores, ele também foi o criador de Buffy, Angel e Firefly. Em Buffy, a jovem caça vampiros é ensinada de tudo que acontece por seu tutor, Gails, e assim, ensina também ao espectador o que é o que e quando. Angel, como é um spinoff, uma subtrama de Buffy, o recurso de ter um aprendiz foi menos utilizado. Mas em Firefly, o sériado wester-space-opera, não há nenhum dos dois mundos.
Em Firefly não há um distanciamento proposital da obra ao espectador, como seria com Bertolt Brecht, mas tão pouco há a muleta, o apoio que ensina ao leitor o que está acontecendo. Ao longo dos parcos 13 episódios da série, fomos apresentados para um grupo de pessoas que singram o espaço sideral, como ilegais, fazendo trabalhos bons ou não, para ganharem a vida. Só descobrimos as circunstâncias da história, assistindo a história. Nenhuma outra série de ficção científica até hoje, se preocupou tão pouco em dizer o que é cada coisa, dar nomes absurdos para componentes imaginários e coisas do gênero. Os atores lidam em cena com as tecnologias futurísticas, como alguém dirige um fusca - sem maiores explicações, com uma naturalidade rara nos seriados até hoje em dia, anos depois que a série acabou.
Para você pensar um pouco, no próximo filme que assistir, ou livro que ler, veja se não há em algum lugar o uso de uma muleta... conte aqui sua experiência...
Nos filmes de ficção você sempre tem aquela pessoa de origem humilde, um predestinado ou um escolhido ou ainda alguém carregado pelo mero acaso, que acabam perguntando muito no início do filme o que é isso/o que é aquilo. Conforme ele recebe explicações, "O que são mid-clórians?", pergunta o pequeno Anakin Skywalker, ele e o leitor vão aprendendo à respeito do universo criado pelo escritor. Harry Potter, por não saber que era bruxo até a data de suas aulas, teve que aprender todos os nomes e termos do meio, e assim o leitor aprendia. Na ficção científica, sempre há alguém que está explicando o que faz, para se exibir, ou por que tem um "novato" ao seu lado, para aprender, junto do expectador. O uso de aparelhos de ficção científica também se apoiam em alguém explicando para o leitor/espectador o que está acontecendo.
Nas séries de TV, acho que nenhum caso descreve este uso tão bem, quanto a estagiária de CSI Las Vegas. Holly Gribbs é uma estagiária no setor da polícia científica, filha de uma tenente (do trânsito, se não me engano), ela decide se aventurar pela formação mais acadêmica, tendo feito academia policial (Loucademia?), e depois enveredando numa carreira científica. Ela dura apenas um episódio, mas foi o bastante para através dela, o espectador conhecer bem tudo que acontece na série. Quem é cada um dos personagens, o que fazem, como trabalham, e tantos outros detalhes.
O Guia do Mochileiro das Galaxias, o livro Douglas Noel Adams, é famoso por suas notas de rodapé. Tão grandes que por vezes têm quase mais texto que a própria página onde fazem nota. No filme, o recurso do narrador era inevitável e para fazer a adaptação para o cinema brasileiro então? Foi necessário manter José Wilker mesmo na versão legendada, dublando em português, para que não houvesse grande quantidade de texto sobre as animações que faziam as "notas de rodapé" ilustradas. O narrador é outro recurso comum de ser utilizado, mas convenhamos, o narrador também distancia o leitor/espectador da ação principal, através deste intermediário.
Foi Bertolt Brecht quem criou a escola de teatro que busca justamente, criar a maior distância possível do espectador para peça. Um exemplo clássico das obras de Brecheret em sua estética, está no filme Dogville, com Nicole Kidman. O movimento de Bertolt Brech foi chamado de Dogma 95, e assim como ele apregoa, o filme de Lars von Triers não utiliza trilhas sonoras, deslocamentos geográficos, câmeras de mão, fugindo à regra apenas no uso de gruas e iluminação para acentuar o clima. (texto da wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Dogville)
Grace jamais foi cativa ou submissa, nunca sentiu real misericórdia e sim desprezo. Se ela realmente quisesse, poderia simplesmente ir embora. Os verdadeiros prisioneiros são os moradores.
Dogville é a antítese do bom selvagem de Rousseau.
Nos Estados Unidos muitos espectadores sentiram-se ofendidos, acusando Lars von Trier de antiamericano. O fato de ele jamais ter visitado os Estados Unidos e de fotografias do período da depressão e de pessoas miseráveis estadunidenses serem usadas durante os créditos finais, ao som da música Young Americans de David Bowie, não depuseram a seu favor.
No meio termo deste sobressalto, temos Joss Wheldon, famoso por dirigir o filme Vingadores, ele também foi o criador de Buffy, Angel e Firefly. Em Buffy, a jovem caça vampiros é ensinada de tudo que acontece por seu tutor, Gails, e assim, ensina também ao espectador o que é o que e quando. Angel, como é um spinoff, uma subtrama de Buffy, o recurso de ter um aprendiz foi menos utilizado. Mas em Firefly, o sériado wester-space-opera, não há nenhum dos dois mundos.
Em Firefly não há um distanciamento proposital da obra ao espectador, como seria com Bertolt Brecht, mas tão pouco há a muleta, o apoio que ensina ao leitor o que está acontecendo. Ao longo dos parcos 13 episódios da série, fomos apresentados para um grupo de pessoas que singram o espaço sideral, como ilegais, fazendo trabalhos bons ou não, para ganharem a vida. Só descobrimos as circunstâncias da história, assistindo a história. Nenhuma outra série de ficção científica até hoje, se preocupou tão pouco em dizer o que é cada coisa, dar nomes absurdos para componentes imaginários e coisas do gênero. Os atores lidam em cena com as tecnologias futurísticas, como alguém dirige um fusca - sem maiores explicações, com uma naturalidade rara nos seriados até hoje em dia, anos depois que a série acabou.
Para você pensar um pouco, no próximo filme que assistir, ou livro que ler, veja se não há em algum lugar o uso de uma muleta... conte aqui sua experiência...
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