Vícios 2

Eu já contei aqui como descobri as baladas e como descobri o cigarro. Faltou um dos vícios aceitos socialmente, a bebida. Minhas histórias com a bebida felizmente são engraçadas, e a maior parte das pessoas que já tiveram a chance de me ver bêbado, sabem que sou um bêbado chato/depressivo/auto-destrutivo, e riram muito de mim, isto é, comigo. Mas no geral, histórias com bebidas não têm graça e não há o que endeusar nisso. São histórias tristes que terminam ou na desgraça pessoal, com sorte, ou em desgraça coletiva com pessoas que não tiveram a menor intenção de se envolver com o bêbado.

No meu caso, a bebedeira começou nas baladas. Sempre sob controle, pois a caminhada para volta para casa era longa. Não tive a sorte de ter um carro à minha disposição para baladas quando criança, e à parte pais extremadamente dedicadas, que iam me buscar e me levar sempre que podiam, eu ia e voltava para baldas de ônibus/metrô. E era muito divertido, já que ninguém da turma tinha carro para ir ou vir de qualquer jeito, íamos sem saber que era tão mais divertido não ter que me preocupar com o caminho, com estacionamento ou se alguma blitz policial poderia me parar.

Minha primeira bebedeira, que eu me lembro, foi na praia, Mongaguá. Tínhamos ido para uma destas apresentações de banda punk da praia, um amigão nosso conhecia o cenário e os locais, que se mostraram muito baratos para o consumo, em relação à São Paulo, e muito desapropriados na venda à menores. Eles pagaram por isso. Deixei uma mesa coberta com o conteúdo da minha bebedeira e depois voltamos para casa, uns 10 quilômetros, à pé e comigo aborrecendo meu irmão e meu amigo, como tinha sido bom ter vomitado tudo e como isso me tornaria sóbrio mais rápido. Depois das vigésima vez que eu repetia, eu me dei conta que eu estava sendo um pouco repetitivo...

No geral, as coisas entre eu e a bebida são tranquilas. Bebo muito, fico com sono e apago em algum momento. Mas houve uma balada, no Enfarta Madalena, em que era open bar, e eu não estava acostumado com minha liberdade alcóolica. Só me lembro de andar pela balada, preocupado por dar trabalho aos meus amigos, e meus amigos todos atrás de mim, com medo que eu fizesse alguma bobagem. Foi até divertido terminar a noite cantando: "É, só tiiiiiinhaaaaa que-ser-com-você, você'que-é-feito-de-amooooooOOooooOOor...".

Em outra ocasião, voltando de uma balada, meus amigos e eu, já entre bêbados e com sono, paramos diante do semáforo e meu amigo lê: "aguarde o botão e aperte", "de onde o botão pode vir?", e desde então, o que era "Aperte o botão e aguarde", virou um personagem vivo e pulsante na nossa imaginação. Era o botão do semáforo fugitivo, sempre correndo de nós. Sempre deixando semáforos de pedestres fechados para nós, e nós perseguindo o pobre botão fujão.

Por sorte, álcool nunca foi minha maior diversão e desde muito cedo, tão logo tive um carro para dirigir, deixei de me dedicar a me embriagar. Hoje, bebedeira, só ao redor de casa ou com carona. Fora dessa órbita, nunca. Graças à isso, hoje, a única pessoa que sofre quando fico meio alto, é minha esposa. Ela já ganhou sua passagem para o céu...

Comentários

Lívia disse…
Só para constar, leitores do blog.
O Manu é divertidíssimo bêbado. E o episódio do Enfarta Madalena foi inesquecível! =P
Emanuel Campos disse…
Muito obrigado Livia, pelos comentários, e que bom que alguém se divertiu quando eu estava totalmente torto...
Editora Delearte disse…
Só tenho uma palavra para você (que não se refere a sua mãe): Odete.

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