Como você quer passar seus últimos 10 anos


Veja o vídeo, antes de ler o texto. São só 60 segundos. Você pode se dar esse luxo. Só hoje...

Nós corremos. E aguentamos muita pressão. Somos cobrados a nos formar rápido, para aproveitar as vagas destinadas aos mais jovens, e depois trabalhamos o dobro, para provar que à despeito de nossa idade, somos capazes. E então, por que já estamos trabalhando muito, somos cobrados a manter o ritmo. E nós corremos.

As contas não podem esperar. Há uma pressa por ter as coisas. Por ser coisas. Por ser gerente, ter o carro do ano, um celular último modelo, uma casa grande, uma casa de campo, uma casa de praia. Há muito por fazer. E a pressão não para. Não trabalhamos para ficar rico, trabalhamos para ter coisas. Trabalhamos para ser coisas. E então, em algum lugar entre a faculdade e o trabalho, começamos com as compensações perigosas.

Há quem fume, entre um trabalho e outro, furtivamente ou declaradamente. Há quem coma em fast food, dizendo não ter tempo, não há quem faça exercícios para a saúde. Há quem beba, socialmente, diariamente, perigosamente. Só mais um cigarro, para aguentar mais um pouco a pressão. Só mais um copo, que tenho que aproveitar que hoje estou parado. Há quem se mate para aguentar um pouco mais de trabalho. Só mais um final de semana enforcado. Só mais uma viagem à trabalho. Só mais algumas horas extras sem cobrar. Só mais um pouco. Só desta vez, e desta de novo, e mais uma.

E sem nos dar conta, conscientemente cientes, mas inconscientemente ausentes, matamos, de trás pra frente, nossos dias sem o trabalho. Um cigarro, um copo de wisky, uma cerveja. Um pouco mais de fritura. Hoje quero com muito sal. Hoje. Só hoje. E amanhã também. Mas e quando a conta desta correria chegar?

Seu trabalho, aquele para o qual e pelo qual, você sacrificou tanto, pode não existir, pode existir ainda, mas o que importa? Ele não vai pagar a sua conta. Ele só pedia, você aceitava. Sua família que ficou distante, por tanto tempo, só poderá visitá-lo, no horário de visitas do hospital. Ainda distante, ainda as obrigações. E quem postergou tanto a vida, para poder vivê-la melhor, descobre que não sobrou nada pelo qual viver. Nada pelo que trabalhar. Só o próximo dia. Quem sabe amanhã, você não possa utilizar o banheiro sem ajuda? Já pensou que melhora?

Este texto já está escrito há mais de uma semana, e foi mera coincidência ele entrar no ar no mesmo dia da morte de Hugo Chávez e do Chorão, do Charlie Brown Jr. #RIP.

Comentários

Editora Delearte disse…
Nunca melhor dito...quantos trabalham para serem coisas? Muito bonito o texto...
odetecampos disse…
Hoje amanheci lendo "Voz Missionária" "Nao andeis ansiosos... Vejam como crescem os lírios do campos" efesios 4.6. Como ser diferente aos 30 para nao se arrepender aos 60? Ótimo texto para meditarmos...
Unknown disse…
Muito bom Emanuel! Infelizmente desde quando nascemos aprendemos que tudo nessa vida tem um preço, porém com o passar dos anos percebemos que "o preço" vai muito além do dinheiro.
Aprendemos que através do trabalho conseguiremos conquistar nossos objetivos, mas não sabíamos que esse mesmo trabalho nos faria renunciar tantas outras "riquezas" que quase sempre são irrecuperáveis.
Lembrei-me de um vídeo que assisti a pouco tempo cujo o título é "E se o dinheiro não existisse?" (Link: http://www.youtube.com/watch?v=qmaq15qL7Q8). Esse vídeo sensacional me fez pensar em quantos sonhos e possibilidades existem na vida que as pessoas deixam passar pelo comodismo de uma situação ou pelo medo de arriscar...
É isso aí, temos que parar de viver "em busca de" e perceber que a vida é o hoje e o agora, e que tudo que se planta hoje será colhido amanhã!
Ótimo texto, parabéns!

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