Criando produtos nacionais


Ontem falamos sobre a ausência de desenvolvimento de produtos no Brasil. Sobre a dificuldade que empresas com produtos brasileiros encontram para se assentarem no país. E nos perguntamos, esse cenário pode ter mudanças? E a resposta é sim, mas é um processo longo...

Em 2000 e 2001 uma editora minúscula ousou publicar uma série em quadrinhos, 40 edições, de um mangá chamado Holly Avenger. Apesar do nome gringo, há um motivo, o nome dos quadrinhos é uma referência à uma arma dos jogos de RPG, que conforme já falamos aqui no passado, o RPG nasceu nos Estados Unidos e chegou ao país na forma de cópias de cópias, espalhando-se e mantendo o jargão entre os primeiros jogadores. Holly Avenger é uma Vingadora Sagrada, a arma máxima que apenas os mais sagrados dos guerreiros têm acesso.

Esta minúscula editora acabou fundindo-se ou comprada por outra editora maior, a Jambô, que não apenas manteve os títulos à venda, como também publicou romances sobre o cenários, dezenas de livros de RPG, e começou a produzir um anime, um desenho brasileiro no estilo japonês, sobre a série em quadrinhos que foi um sucesso absoluto. Mas não houve fôlego e o projeto me parece estar estacionado à quase uma década já.

Por outro lado, o processo de cadeia de necessidades parece estar começando à girar. Uma universidade gaúcha, que desenvolve artes gráficas e projetos em computador se mostrou disposta à produzir um jogo, multiplataforma, PC, Mac e Linux, baseado neste cenário, e o projeto decolou, mas esbarrou na falta de verba. E foi quando entrou outro jogador no cenário, o Catarse.me, esse site que também permitiu a outro artista brasileiro, Fabio Yabu, voltar à produzir seus Combo Rangers em quadrinhos, e que funciona como um fundo de captação para financiamento coletivos. Tormenta - O Desafio dos Deuses, foi colocado para financiamento coletivo.

O jogo inicialmente desenvolvido já parece realmente não dever nada à game nenhum estrangeiro. É muito bem desenvolvido e com a verba, seguramente ficará ainda melhor, mas há um problema. À 10 dias do final do financiamento, ainda falta 50% do valor por atingir. E é por isso que escrevi estes dois textos, para pedir, que vocês ajudem esse projeto. Que possamos criar um game no Brasil, com um processo envolvendo criadores, escritores, pesquisas universitárias e uma editora nacional.

Vocês podem questionar os valores, mas lembre-se que nada aqui é federal ou está usando verbas públicas, o Catarse ficará com 15% do valor arrecadado. A Universidade provavelmente com a outra maioria, para cobrir os custos de softwares, computadores e programadores envolvidos, e os criadores do projeto, que não têm um "day job", mas vivem de seu trabalho, pois o volume que criam demanda dedicação integral, não permitiria. O valor é pequeno, acreditem. Alem de tudo, sobre esse valor todo, ainda há o governo, que vai abraçar uma boa parte deste dinheiro, sobre o projeto, sobre a pesquisa, sobre os impostos dos funcionários e sobre os lucros das vendas, se o projeto chegar a ver a luz do sol...

Vamos ajudar esse projeto a decolar? http://catarse.me/pt/tormentadesafio

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