Tiradentes...


É o feriado do ano que mais vou sentir falta, dentre todos, o dia que eu deixar o Brasil. Não sou muito ligado à datas comemorativas. Acho que devemos recordar-las. Viver-las. Contar para os mais novos por que este dia ou aquele é importante. Mas no fundo, o que acontece a cada feriado, é uma fuga em massas para as praias. Encher o rabo de areia e água salgada.

Independência do país? Praia! Proclamação da república? Praia! Dia do trabalho? Praia! Mas Tiradentes, com ou sem praia, vou sentir falta.

Tiradentes, ou Joaquim José da Silva Xavier, nasceu em 16 de agosto de 1746 e foi dentista, onde nasceu sua alcunha, mas foi também comerciante, mineiro e um líder político. Foi dele que a inconfidência mineira se originou. Um movimento que queria combater o imposto "abusivo" que Portugal queria cobrar das colônias, um imposto chamado de "O quinto", ou seja, 20% sobre as produções do país.

Ele morreu em 21 de abril de 1792, com 46 anos, enforcado, foi esquartejado e cada um dos seus membros foi deixado em uma das fronteiras do estado de Minas Gerais. E desde então, ninguém reclamou mais dos impostos. Nem quando eles passaram os valores considerados abusivos, e hoje 27% de impostos diretos (fora tudo que é cobrado no que compramos, tudo que é bi-tributado como a energia elétrica), é cobrado normalmente, com a maior naturalidade, como se fosse natural, além de pagarmos por tudo aquilo que o estado deveria dar: saúde, segurança, transporte coletivos acessíveis, nós também pagamos não "o quinto", mas sim "o terço", do que ganhamos.

Tiradentes é o feriado nacional brasileiro que eu mais gosto. Todos os países tiveram independência, fora aqueles que se criaram independentes, como... como... Bom, muitos países também tiveram proclamação da república, com exceção daqueles que são monárquicos ainda, como a ditadura boliviana, venezuelana, cubana e a Espanha, Inglaterra e o Marajá de Jaipur. Mas as revoltas civis, motivadas por ideais, e onde nós, o povo, perdemos de uma maneira tão definitiva e tão marcante, que temos todo ano um dia livre para celebrar nossa falha em impedir a super-tributação, só o Brasil tem.

Mas isso não tem nenhuma relação com esta data em particular e pelo fato de que eu gosto deste feriado. Eu gosto deste feriado pelo simples motivo que é o dia do meu aniversário, e com exceção deste país, em qualquer outro, eu terei que trabalhar no dia do meu aniversário, e ganhar todos aqueles "parabéns!" amarelos de pessoas que não tenho amizade. Eu não vou poder fugir para Passárgoda, como faço todos os anos, fugindo de votos vazios...

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