Douglas Adamas - Guia dos Macmaníacos das Galaxias

Recentemente eu descobri algumas regras que regem nossa reação para tecnologias:
- Qualquer coisa que já estava no mundo quando você nasceu é normal, ordinário e é apenas uma parte natural do mundo e da forma como as coisas funcionam;
- Qualquer coisa inventada enquanto você está entre quinze e trinta anos de idade é novo, excitante e você provavelmente poderia fazer uma carreira sobre isto;
- Qualquer coisa inventada depois que você tem trinta e cinco anos é contra a ordem natural das coisas;

Douglas Adams foi fã e a geração responsável pela continuação do humor da famosa trupe de humor Mont Python. Foi a paixão pelo humor desta trupe que ele se engajou em escrever sua radio novela que o tornaria famoso: O Guia do Mochileiro das Galaxias, sendo reescrita e reapresentada, em diversos formatos, por toda sua vida, que culminou com o filme da Disney de mesmo nome.

Inglês, poderia ser chamado de um homem de um só sucesso, não fosse a torrência com que esta sua novela gerou histórias derivadas e da maneira com que a história mutava a cada apresentação e mudança de mídia. Além desta paixão, as histórias de humor, Douglas Adams também se revelou com outras duas paixões, ecologia - um interessado precoce que chegou a escalar o monte Kilemanjaro fantasiado de Panda, e Apple, à despeito de sua relação complexa no princípio. O livro ”The Salmon of Doubt” é justamente sobre estas três paixões, uma copilação póstuma de tudo que ele deixou em seus computadores após seu falecimento. O livro é engraçado e curioso desde sua primeira página, que reproduzo um pequeno trecho abaixo, para fins de divulgação:

Uma introdução para a introdução para a nova edição é algo altamente importante para a história de todas as introduções. Sua mera presença nestas páginas significam que o livro atingiu um novo recorde mundial no número de introduções num livro desta natureza. Com a adição desta introdução para a introdução da nova edição, O Salmão da dúvida, pode agora aclamar possuir nada menos que três introduções, um prólogo e uma nota do editor. Isto é duas introduções mais que ”O coração das Trevas” de Joseph Conrad e uma introdução, um prólogo e uma nota do editor à mais que ”The Cambridge History of Medieval English Literature”. (...)
Terry Jones, 2 de fevereiro de 203
A vida do escritor pode ser assim sintetizada:

- Douglas Noel Adams, Nascido em Cambridge em 11 de março de 1952, educado na escola Brentwood,
Essex e colégio St. John de Cambridge. Casou-se em 1991 com Jane Belson (e teve uma filha, Polly, nascida em 1994).
- Sua carreira teve início formal em 1974 à 1978 como escritor de rádio e TV, em 1978 tornou-se produtor
de rádio da BBC.
- Seus roteiros: O guia do mochileiro das galaxias, 1978 e 1980 (radio) e 1981 (televisão) e 2001 (cinema);
- Jogos: O guia do mochileiro das galaxias, 1984; Bureaucracy, 1987; Starship Titanic, 1997;
- Livros: O guia do mochileiro das galaxias, 1979; O restaurante no fim do universo, 1980; Vida, Universo e tudo mais, 1982; The meaning of Liff (with John Lloyd), 1983; Até mais, e obrigado pelos peixes, 1984; Dirk Gently’s Holistic Detective Agency, 1987; The long dark tea-time of the soul, 1988; Last Chance to see, 1990; The Deeper Meaning of Liff (with John Lloyd), 1990 e Praticamente Inofencivo, 1992;

Seu editor (e amigo) escreve nas notas do editor sobre a paixão do Douglas Adams por tecnologia e como ela resultaria no livro The Salmon of Doubt:

Em setembro de 2001, após quatro meses da trágica e inesperada morte de Douglas, recebi um telefonema de seu agente, Ed Victor, um bom amigo tinha preservado o conteúdo de Douglas de seu amado Macintosh e se eu estava interessado em checar o conteúdo dos arquivos para ver se eles continham direções de um novo livro. Alguns dias depois o pacote chegava e eu abria-o com excitada curiosidade.
Meus primeiros pensamentos foram de que seu amigo, Chris Ogle, tinha subestimado a tarefa Hercúlea que se tornava aparente. O CD-ROM com os dados de Douglas continha 2.579 arquivos, desde seus livros completos à cartas relacionadas à ”Save the Rhino”, sua caridade favorita. Aqui, também, estava idéias e roteiros para livros fascinantes, filmes, programas de televisão, algumas breves como uma sentença ou duas, outras com dúzias de páginas já desenvolvidas.
Peter Guzzardi, Chapel Hill, North Carolina, 12 de fevereiro de 2002

Douglas descreve sua própria relação com as máquinas, além da pequena piada título deste texto, na crônica Frank the Vandal (The Salmon of Doubt, pp 85 - 95), que reproduzo alguns insights aqui, ou melhor, que reproduziria aqui alguns insights, sorry folks, o texto todo é ótimo, originalmente publicado na MacUser, 1989 sobre os 200 milhões de formas de comunicação entre Macs possíveis, a dificuldade em imprimir apesar de tudo isso e, por fim, um eletricista que já estava em sua casa há uns 3 anos. (nem ele sabia por que).

Sinto gente, mas comprem o livro, sebo, novo, o que for, vale cada centavo, impossível não rir um pouco e
amar um pouco mais seu Apple depois dele...

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