Resenha: Branca dos Mortos e os Sete Zumbis

Fabio Yabu é roteirista, escritor, produtor. Ele desenvolveu seus quadrinhos paródias dos Power Rangers, e a história ficou tão rica, e tão carismática, que ganhou vida própria, mantendo certa relação com o mundo dos heróis nipo-norte-americanos, mas ainda assim, com o toque brasileiro e o carisma que poucos podem imbuir numa história.

Depois, ao final de sua saga nos quadrinhos (que retomou este ano através de um financiamento coletivo), ele desenvolveu livros e histórias infantis das Princesas do Mar, que virou um desenho animado na TV Cultura, e que foi além, para mais de 100 países, através do Discovery Kids. Sua história já estaria completa aí, mas ele foi além.

Ao final de 2012, com toda aquela história do apocalipse Maia, e fim do mundo, que inspirou alguns filmes entre ruins e "sessão da tarde", como o filme homônimo "2012", um grupo de produção de conteúdo chamado Jovem Nerd decidiu desenvolver ainda além daquilo que a mídia abraçou como "mais um caça níqueís", e criou uma série de livros sobre o fim do mundo. Quem escreveu como se não houvesse amanhã, e produziu três destes livros, foi Fabio Yabu, ou no caso, seu pseudônimo, Abu Fobiya.

É incrível como a inspiração pode vir dos mais diferentes lugares. No caso de Branca dos Mortos e os Sete Zumbis, o livro nasceu de uma piada, num domingo à noite, via Whatsapp com um dos Jovens Nerds, Azaghal, ou Deive Pazos. Fabio Yabu estava sofrendo, com sua filha na fase de assistir milhares de vezes o mesmo filme, toda criança tem essa fase, Deus sabe o trabalho que dei aos meus pais, e o que a filha dele assistia sem parar era: Branca de Neve e os sete anões. Numa confissão, Yabu disse: "Seria melhor se ao menos os anões fossem zumbis", e Deive não perdeu tempo, empolgado com a ideia e ordenou que Yabu começasse a escrever imediatamente. E assim ele fez.

Em Branca dos Mortos e os sete zumbis então temos uma recompilação dos clássicos infantis, que eram horrorosos de início, suavizados pela Disney e então, potencializados em seu terror por Abu Fobiya. Mas o livro vai além, recheado de lindas ilustrações, algumas que geram verdadeira aflição, e com diversos plots twists, que fazem quem já conhece a fábula ser surpreendido a cada parágrafo, os textos são ainda interligados. As ações de um texto costumam ter reflexos nos outros, formando uma espécie de linha do tempo macabra, uma desgraça chamando a próxima.

Abu aproveitou o tema ainda para brincar com estilos, sim, ele ainda teve tempo disso, e deixou os textos beberem livremente de diversos autores, como O Monstro que faz paródia de O Corvo, de Edgar Allan Poe, mas a influência de Lovecraft também está presente, assim como outros grandes escritores do mistério e do fantástico.

Só para completar o livro de forma brilhante, há ainda a parceria de Abu Fobiya e Guilherme Briggs, um dos mais brilhantes e gente boa dubladores do mundo, e que gravou uma série de seus contos na forma de audio-dramas. Parceria que se estendeu para outros livros, mas isso é assunto para outros posts.

Para saber mais sobre o tema: http://jovemnerd.ig.com.br/nerdcast/nerdcast-321-o-universo-inominavel-de-h-p-lovecraft/

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