Resenha: Radical Rebelde Revolucionário
Para começo de conversa, o formato em PDF e a página quadrada foram idéias perfeitas, por facilitarem a leitura página a página em uma tela de tamanho confortável de computador. Você lê a página e o único clique que dá é para mudar de página, prático e confortável. Coisa de quem lê textos na internet e eletrônicos e sabe como é a ginastica de mudar de página e ficar abaixando e subindo um texto pela internet. A ideia de comentar a cada texto como um blog eletrônico e por último, as imagens que se pode ampliar ao clicar fecham o pacote com perfeição.
Agora vamos ao que interessa, o conteúdo do livro.
Apesar do autor nas primeiras páginas fazer questão de deixar claro que o texto todo deve ser tratado ficcional, informando que o autor tomou apenas alguns lados da história, do povo, da imagem que formou no pouco período que passou lá, por outro lado o autor teve uma ótima iniciativa ao gastar algumas páginas contextualizando o leitor do complexo sistema financeiro e sobre como uma ilha tão diminuta e com leis draconianas de embarco vem alimentando e mantendo sua população. Alias estes textos iniciais estão escritos de forma tão didática e ainda prazerosas de se ler, que gastando não é a palavra correta.
Após a apresentação daquilo que o autor considerou fundamental ao seu leitor, nossa viagem realmente tem início, onde conhecemos de Cuba seus estereótipos, seus lugares mais interessantes, o cotidiano da ilha, sua cultura e a forma por vezes injusta, por vezes heroicas que a revolução vem sendo sustentada.
Impressionante a habilidade do autor de se isentar da posição de julgador antes de externar suas opiniões, contextualizando como chegou à suas conclusões, sempre mostrando até mesmo o lado pessoal de suas experiências e, paradoxalmente, se isentando por isso mesmo do impacto de suas conclusões (você foram avisados, era pessoal ali mesmo, por que?).
Os dois lados estão presentes nesta obra, mesmo que o próprio autor por vezes negue isso, só não vêem
aqueles cujos preconceitos pró ou anti Cuba são maiores que seu campo de visão, aí sim, é tentar julgar uma sala, olhando-se apenas pelo buraco da fechadura. Não obstante a obra ser completa, ela é escrita de forma deliciosa. Vale cada centavo, cada segundo de leitura.
Agora vamos ao que interessa, o conteúdo do livro.
Apesar do autor nas primeiras páginas fazer questão de deixar claro que o texto todo deve ser tratado ficcional, informando que o autor tomou apenas alguns lados da história, do povo, da imagem que formou no pouco período que passou lá, por outro lado o autor teve uma ótima iniciativa ao gastar algumas páginas contextualizando o leitor do complexo sistema financeiro e sobre como uma ilha tão diminuta e com leis draconianas de embarco vem alimentando e mantendo sua população. Alias estes textos iniciais estão escritos de forma tão didática e ainda prazerosas de se ler, que gastando não é a palavra correta.
Após a apresentação daquilo que o autor considerou fundamental ao seu leitor, nossa viagem realmente tem início, onde conhecemos de Cuba seus estereótipos, seus lugares mais interessantes, o cotidiano da ilha, sua cultura e a forma por vezes injusta, por vezes heroicas que a revolução vem sendo sustentada.
Impressionante a habilidade do autor de se isentar da posição de julgador antes de externar suas opiniões, contextualizando como chegou à suas conclusões, sempre mostrando até mesmo o lado pessoal de suas experiências e, paradoxalmente, se isentando por isso mesmo do impacto de suas conclusões (você foram avisados, era pessoal ali mesmo, por que?).
O surpreendente são os filmes. Assistindo aos mais recentes, não se vê essa estrutura soviética de produção. Não parecem filmes ideologicamente bem-comportados escolhidos por um comitê revolucionário. Sim, não são formalmente ousados. O estilo, a fotografia, os roteiros, tudo é muito certinho – com raras e honrosas exceções. Entretanto, não há um único roteiro que não contenha fortes críticas ao mesmo governo que está pagando a conta.Lendo o livro RRR de Alex Castro, não deixamos de saber que em Cuba tem rodízio de água e força elétrica, que para compor uma lazanha (ou era feijoada) levaria semanas para se obter todos os componentes necessários, visto que na ilha (e gráças ao embargo americano) poucos navios podem deixar produtos na ilha e quando o fazem, em geral são navios cheios de um mesmo produto, resultando em ”em semanas e semanas cheias de maçãs no mercado, para então elas sumirem de novo, por tempo indeterminado” (ou algo assim). Mas também pela obra do mesmo autor, vemos a beleza de um povo, com sua cultura, adaptado àquela forma de viver, com felicidade em cada uma das pequenas coisas e que, paradoxalmente, nunca tem nada, mas também não lhes falta nada. Vemos a beleza da ironia de casarões abrigadas por famílias populosas de pessoas paupérrimas, mas também a tristeza do contraste daquela fleuma e austeridade dos velhos casarões perdidas para sempre.
Em minha humilde opinião, Perugorria é um dos melhores atores de sua geração, de qualquer lugar do mundo. Ironicamente, quando falei isso aqui em Cuba, discordaram de mim todas as vezes. Dizem que a opinião corrente é que Perugorria interpreta sempre o mesmo papel. Casa de ferreiro, espeto de pau.
Os dois lados estão presentes nesta obra, mesmo que o próprio autor por vezes negue isso, só não vêem
aqueles cujos preconceitos pró ou anti Cuba são maiores que seu campo de visão, aí sim, é tentar julgar uma sala, olhando-se apenas pelo buraco da fechadura. Não obstante a obra ser completa, ela é escrita de forma deliciosa. Vale cada centavo, cada segundo de leitura.
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