Verónika decide morrer

Pois é, alguns vão dizer que meu gosto literário já foi melhor, ou pior. Cada cabeça, uma sentença. Seja como for, sou obrigado a falar bem desta obra do Paulo Coelho, obra esta, que curiosamente, eu já a havia lido em 2001 ou 2002 quando o autor abriu todas suas obras, na internet, em PDF, por um período de tempo. Eu estava descobrindo os e-readers e acabara de baixar o PDF para PalmOS, assim que baixei esse, e uns outros dois para leitura. Na época, a leitura foi sem grande interesse, o aparelho e a forma me fascinavam tanto, que mal me lembrava da história, para ser honesto.

Ano passado, nas promoções do site da Cinemark, fomos agraciados com um iPod Shuffle e um livro do Paulo Coelho, obvio, a promoção não era outra que do filme baseado na obra, e eu, modestamente, ganhei! O iPod foi para minha esposa e o livro vagou pela casa, até eu decidir dar mais uma chance para ele. Devo confessar, sou tarado por livros bem encadernados, a história pode ser até ruim, se o livro for fisicamente bonito, com boa encadernação e encurvar gostoso, mas conservando a simetria durante a leitura e após ser fechado novamente, gosto ainda mais. Nisto a editora Planeta, desde os livros do Angus - e antes disso - sempre fizeram um trabalho excelente, e este livro não é exceção. Lindo livro, excelente papel e belo encadernamento... Mas eu falava da história, e já estou tergiversando...

A história tem uma forma bem humorada, leve, de ser conduzida, e às vezes é impossível não deixar
escapar um risinho, seja pela colocação que faz o autor, ou até mesmo pela freqüência com que o próprio autor aparece na história. Primeiro, enquanto a personagem principal espera pela morte da over-dose, ela lê sobre um jogo em CD-ROM de Paulo Coelho, depois o próprio autor, na história, ouve a história que ele narra, enquanto está num café. O autor ainda deixa sua assinatura através das características inevitáveis à ele próprio, o mestre sufi, a aparição por casualidade do Brasil e tantas outras, mas na verdade, nada disso importa, se não a leveza, e por que não, beleza, da história.

Mas mais do que tudo isso, a história da morte nunca poderia ter sido uma melhor lição de vida, a vida de Verónika, naquele hospital para se recuperar é equiparável à Montanha Mágica, onde o personagem de Thomas Mann, desculpe, não lembro o nome, vai refugiar-se, e acaba sendo a viagem de uma vida. Ou ainda, a leveza da transformação de 28 Dias, uma comédia dramática onde Sandra Bullock se refugia do mundo e de si mesma.

Só posso terminar dizendo que o livro foi uma surpresa maravilhosa, não por subestimar ao autor, ao contrário, sempre apreciei seus livros, mas pela leveza tão diferente dos seus outros livros. Aqui, o personagem principal atravessa também uma jornada, como O Diário de Um Mago, mas ao contrário, a jornada é não intencional e Verónika se vê, por alguns momentos, passageira e não condutora, do que resta de sua vida. Excelente...

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