Conto: Apenas um homem


Socorro não estou sentindo nada,
Nem frio nem calor, nem um sentimento,
Nem uma emoção pequena, qualquer coisa que se sinta...

Dizem, ame, e ele amou! Incondicionalmente? Sim, amou até o cachorro que lhe mordia a perna neste instante. Amou de paixão o ar,a vida,a cidade,tudo... Amou de forma completa e irracional,am ou o amor de um animal,amou sem interesse, por amar "apenas" se é que se pode dizer "apenas" de amar...


Mas também odiou! Odiou com a força de uma tempestade. Seu ódio era avassalador. Falou grosso, cuspindo, bateu nas coisas e quebrou o que estava no meu caminho. Não pensou mais, foi a besta, foi um avatar da fúria na Terra. E odiou por pouco, por o apressarem para sair do chuveiro ou seu celular ficar fora de área quando era realmente preciso! Odiou também os excessos de ruídos, toques de celulares, buzinas irritantes como uma sinfonia de microfonias, gritos de crianças, a ciranda do trânsito, os rádios altos nas praias, odiou tanta com tanto força que se duvidou que um dia tivesse amado. Odiou com força avassaladora, quebrou, destruo, chutou, estragou, destruiu!

As correntes e milhões de mensagens pelo mundo diziam: sinta, viva, caia de cabeça em cada paixão, ame como se fosse o último amor da sua vida, dance como se ninguém estivesse olhando, cante quando tiver vontade, faça da sua vida algo vivo e interaja com ela! "Ame como se não houvesse amanhã, por que na verdade não há". Ele fez isto. Não reprimiu seus sentimentos, amou, viveu, sentiu.

Teve milhões de boas idéias por segundo, e a cada instante largou tudo por um novo sonho da sua vida. E retomou cada projeto como fosse um animal indefeso na chuva a aparar, abrigar, dar calor e o retomar. E viveu sua vida a cada momento. Buscou o sorriso em cada dia de chuva na praia. Buscou diversão e ânimo onde alguém se machucou. Não foi sádico, por isto mesmo buscou fazer alegre quem estava triste, "felicidade é o melhor sentimento que existe... ".

 Dizem que a diferença do homem sábio para o medíocre é que o medíocre adoraria dar a vida por uma grande causa,e o sábio faz da sua vida um a grande causa. Foi mediano, medíocre, humano...


Buscou a alegria para os outros e a cura do mal do mundo, mas não deixou de encontrar sua própria felicidade, embora vivendo também suas tristezas. Suas ações soaram falsas, seus amigos o viram como um mero impulsivo, tomando ações por publicidade ou vaidade pessoal. Foi impulsivo, foi rotulado, foi previsivel em sua impulsividade. Ele tinha culpa se optou por viver? Tinha culpa se viveu com intensidade, e isto foi algo a mais que uma frase feita? Se ir da alegria a tristeza é algo natural e que, confesso, gostou?

Foi apenas humano. E foi humano em toda sua grandeza, em toda a intensidade dos acertos e erros que nos constituem assim ,hum anos... E se deixou de iludir a vocês, também deixou de iludir a si próprio ao acreditar que, sim, era ele também apenas um homem. Errou, acertou, chorou, deu risada. Foi medíocre, mas não se matou por causa disto. A melancolia e a alegria são igualmente importantes para nós e ele sabia disto. Sabia da importância de se olhar por uma janela em um dia de chuva e apreciar o cinza do lado de fora, suspirando pesado para tentar aliviar um estranho peso de sobre seu peito!

A vida é bonita em sua intensidade, em todos os seus sentidos, feitos por Ele para que os usufruíssemos. Sentíssemos o medo para valorizar o conforto e a tristeza para valorizar a alegria. A solidão para que déssemos, finalmente, valor às companhias.

E ele viveu assim, e assim foi completo e foi feliz. 
 
 

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