Resenha: Mark Twain, Dicas úteis para uma vida fútil
Crônica é uma notável ferramenta, largamente
utilizada por jornais e revistas semanais, pela sua
habilidade de envolver o leitor em sua trama,
uma vez que o mesmo é contemporâneo e
conterrâneo aos eventos narradas, e não raro
ironizados, pela mesma.
Por exemplo, uma crônica que aborde a pequena cratera que o metrô próximo à marginal Pinheiros abriu, duas semanas atrás, hoje pode soar divertida, sagaz e de bom gosto, mas daqui a cinco anos, quando o metrô Pinheiros estiver completamente pronto e funcionando, talvez seja difícil lembrar desta segunda e pequena cratera, diante da lembrança, para sempre, da enorme cratera que o metrô causou ano passado, quase engolindo uma grua, levando uma lotação consigo e as dezenas de casas e prédios, cuja estrutura foi estremecida por este incidente.
Crônicas são portanto, finitas, certo? Elas têm em teoria, validade e local para serem lidas, depois disso, ou além destas fronteiras, soa como quando um filme americano cita um presidente do qual nada sabemos aqui em terra tupiniquins, rimos pela forma da inércia, por que os outros estão rindo e por que, principalmente, temos medo de não rir e passarmos por ignorantes. Isso, claro, quando a comédia em questão é boa, como Simpsons, do contrário, pode ser que até abandonemos ao programa, por nem supor que a natureza do comentário era humorística. Certo? Nem tanto.
Estão se tornando comuns livros de cronistas renomados, que colecionam e encantam os leitores do escrtioro em questão. No Brasil, temos o exemplo dos livros de Ricardo Freire, cujas crônicas do Jornal da Tarde, Xongas, viraram excelente coletânea, apesar de sopa de mandioquinha não ser mais moda, de Maria Rita não ser nenhuma modinha do underground, mas sim uma cantora de primeira linha e assim vai. E você me perguntará: então crônicas, não muito velhas, valem, certo? Nem tanto...
Por exemplo, uma crônica que aborde a pequena cratera que o metrô próximo à marginal Pinheiros abriu, duas semanas atrás, hoje pode soar divertida, sagaz e de bom gosto, mas daqui a cinco anos, quando o metrô Pinheiros estiver completamente pronto e funcionando, talvez seja difícil lembrar desta segunda e pequena cratera, diante da lembrança, para sempre, da enorme cratera que o metrô causou ano passado, quase engolindo uma grua, levando uma lotação consigo e as dezenas de casas e prédios, cuja estrutura foi estremecida por este incidente.
Crônicas são portanto, finitas, certo? Elas têm em teoria, validade e local para serem lidas, depois disso, ou além destas fronteiras, soa como quando um filme americano cita um presidente do qual nada sabemos aqui em terra tupiniquins, rimos pela forma da inércia, por que os outros estão rindo e por que, principalmente, temos medo de não rir e passarmos por ignorantes. Isso, claro, quando a comédia em questão é boa, como Simpsons, do contrário, pode ser que até abandonemos ao programa, por nem supor que a natureza do comentário era humorística. Certo? Nem tanto.
Estão se tornando comuns livros de cronistas renomados, que colecionam e encantam os leitores do escrtioro em questão. No Brasil, temos o exemplo dos livros de Ricardo Freire, cujas crônicas do Jornal da Tarde, Xongas, viraram excelente coletânea, apesar de sopa de mandioquinha não ser mais moda, de Maria Rita não ser nenhuma modinha do underground, mas sim uma cantora de primeira linha e assim vai. E você me perguntará: então crônicas, não muito velhas, valem, certo? Nem tanto...
O livro "Manual útil para uma vida fútil", de Mark
Twain reune crônicas, notas de diários e artigos
publicados por este fantástico jornalista
americano. Detalhe: textos de 1890 a 1910, onde
ele analisa e comenta o crescimento da
tecnologia e seu impacto na vida das pessoas
(como no texto onde ele fala da invasão dos
telefones às residências das pessoas e como é
engraçado ouvir uma conversa ao telefone de
outras pessoas, pois só se ouve "a metade" das
falas); analisa ainda moda e vestuário, com
diversas fotos e motivos explicando e
exemplificando cada texto e, claro, problemas
domésticos, buracos nas ruas, revistas que você
não consegue cancelar assinaturas e roubos de
residências e o hilários texto denominado
"Política Econômica", mas que na verdade
aborda sobre os vendedores de Pára-raio, praga
que existia nas ruas de sua época, como existem
hoje vendedores de qualquer quinquilharia nas
nossas ruas. Tudo atual, mas com um tom de
sépia dado pelo mais de século entre alguns
textos e hoje.
A verdade é que crônicas são tão imortais quanto
contos e romances, mas para isto elas só
precisam obedecer ao mesmo princípio que
fizeram os contos e romances imortais de hoje
ainda famosos, serem bem escritos, do contrário,
serão como outros milhares de livros e contos
que as pessoas escreveram ao longo do curso da
história e que hoje, nós nem fazemos idéia de
suas existências, como aquela árvore que cai na
floresta e, se não tem ninguém lá para ouvir, será
que ela fez barulho? Assim são os livros mau
escritos que a história não registrou, foram então
escritos mesmo? E isto vale para eles, sejam eles
contos, romances ou crônicas, claro.
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