Resenha: Obrigado por fumar


O excelente filme "Obrigado por fumar" é baseado no livro de 1994 de mesmo nome e é um filme como poucos. Para começo de conversa, cheque a programação dos cinemas de sua cidade, provavelmente este filme estará passando em poucos cinemas, justamente aqueles famosos por só passarem filmes alternativos, europeus, enfim, filmes cabeças.

Sobre o filme, você irá se surpreender com a abordagem do livro sobre a arte do Lobby num país onde isso é legalizado, como um super vendedor, com o dom da fala, dialética e retórica pode lutar por qualquer coisa, até mesmo a assassina indústria do cigarro. Mas esta abordagem será sem lições de moral aos que fumam, será inteligente e, mesmo os não fumantes mais convictos não poderão deixar de lhe dar razão uma vez ao menos.

A história de um grande vendedor usando seu dom para salvar a indústria do cigarro dos rótulos de veneno que um senador oportunista quer impor aos pacotes de bastonetes nicotinosos, enquanto luta para descobrir qual a educação que ele REALMENTE quer dar para seu filho e busca aliados no que chama de mercadores da morte (lobistas das bebidas, armas, fast foods, petróleo e usinas nucleares), bem como sua "namorada", uma belíssima repórter que faz valer o velho adágio: tão bonita quanto perigosa.

Sobre o filme, o que lhe espera é um mundo povoado de personagens reais, mas que aqui e ali, personagens completamente surreais surgem e caminham na terra, fazendo graça de tanta disparidade entre o normal e o insano e o pior, você verá que estas coisas acontecem o tempo todo de verdade. Um super produtor que nunca dorme, um auxiliar maluco e prolixo compulsivo, um chefe herói de guerra e completamente pirado, um antigo modelo de masculinidade associado ao cigarro em sua decadência e o filho da própria personagem.

A mecânica do filme é primorosa, diálogos rápidos, inteligentes e dinâmicos, “Pulp Fiction” sem te deixar tonto, repleto de boa música e poucos comerciais descarados.

Mas o que mais vai te surpreender sobre o filme é o seguinte: ele é um novo clássico feito sobre ótima literatura de 1994, passando em cinemas cults e bem frequentados, com ótimos personagens em excelentes performances e conseguiu isso tudo, mesmo sendo americano e tendo o cigarro como tema. 

Uma última curiosidade: em momento algum num filme sobre cigarro, alguém aparece fumando! E eu só percebi isso quando li uma crítica após o filme. Inacreditável...

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