Resenha: Vathek


Prefácio é a parte do livro destinada a um grande autor poder 1) apresentar o novato que se apresenta, ou 2) apresentar um grande classico do passado, usando seu prestigio diante do novo publico para influencia-los para a obra do passado.

Já comprei alguns livros só por causa do prefacista e as boas referências que o mesmo fazia à obra, mas como foi minha último aquisição eu nunca fiz antes: comprar o livro exclusivamente por causa de um prefácio, ou melhor, dois prefácios, e ambos feitos pelo mesmo escritor...


Vathek e a obra gótica de William Beckford, para quem não lembra o que é uma obra gótica, lembrem-se de Drácula, de Bran Stocker e Frankstein, clássicos dos gênero e cujos autores se declararam influenciados pelo autor inglês de Vathek.


Do autor podemos dizer que teve vida polêmica, de paixão homossexual aos 10 anos a uma vida adulta mista entre o excêntrico e o playboy. De família abastarda, torrou sua herança construindo castelos e comprando obras de arte pelo mundo.


Da obra podemos afirmar que trata-se da história do nono Califa de Samarah, uma pessoa tão inteligente quanto mimada e curiosa; e sua curiosidade o conduzirá por uma espiral de perdição de seu povo, seu reino e sua alma.


Agora, nada disso realmente importou na hora da minha compra, pois o compacto livro, mesmo para os padrões da L&PM, sem nada além da capa, se não o nome do autor tão grande que é fácil toma-lo como título do livro; o fato do livro ter sido escrito em três dias e duas noites também não me chamou a atenção, uma vez que só descobri isso depois de ler o livro. O que realmente me chamou a atenção foi o fato do livro ter dois prefácios e uma biografia do prefacista, atenção raríssima dada aos deste papel de prefácio, mas justificada quando estamos falando de Jorge Luis Borges, ídolo de Luis Fernando Veríssimo e um dos melhores escritores das américas.


Nestes dois prefácios vemos dois Borges, o primeiro prefácio é curto, acadêmico e contido, um prefácio profissional, embora ainda exclame certa admiração de seu prefacista pela obra, como era de se esperar, mas o segundo prefácio, duas vezes longo ao que foi o primeiro, é uma confissão de paixão e admiração ao autor e sua obra. A história inteira é sintetizada pelo prefacista, mas sem demérito algum à leitura posterior do livro, ao contrário, continua até melhor uma vez identificadas as passagens chaves e os exageros e recursos literários usados pelo autor, mas a paixão de Borges pela obra, neste segundo prefácio transborda e contagia o leitor a fazer um mergulho tão radical na leitura como teve Willian Beckford ao escrevê-la, se possível até além, fazendo-a mais rápida que os três dias e duas noites que foram necessários para se escrever o conto, e que belo conto...

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