Resenha: Anime RPG

RPG, a sigla que forma este jogo deriva de Role Playing Game, ou jogo de interpretação de papéis. Já se perde em lendas e histórias a origem do jogo, tanto lá fora quanto seu início aqui no Brasil. Certo é que os primeiros jogadores no Brasil são chamados “geração-xerox”, em analogia ao fato de todos os livros serem importados, difíceis de se conseguir e caríssimos, então, quando alguém conseguia um...

O tempo passou e o que deixou o RPG mais famoso, infelizmente, não foi o fato de que o jogo desenvolve a comunicação, a criatividade e o hábito da leitura. O que deixou o jogo famoso foi uma morte mal associada à um grupo de jogadores de RPG, ocorrida em Ouro Preto, MG. Chegou-se a gritar aos quatro ventos que o jogo deveria ser proibido no Brasil, que era coisa do demônio, etc. Para piorar, era ano de eleição, o que fez muitos vereadores comprarem a briga contra o jogo “destruidor de lares”. 

Mas o tempo passou, os jogadores de Ouro Preto se mostraram não relacionados ao incidente e o jogo não só não foi proibido como a discussão acabou servindo para disseminar seminários e seminários sobre bons usos do jogo, na educação, na formação da pessoa, de caracter e no incentivo à ler, habito ainda pouco cultivado em nossas terras tupiniquins.

Foi visando garantir esta imagem de “bom jogo” bem como ganhar um novo mercado que a editora Daemon, fez seu lance mais ousado, a publicação do Anime RPG, um jogo ambienta nos quadrinhos japoneses, totalmente distribuído em bancas, buscando alcançar todo tipo de leitor, seja ele um leitor de RPG que tem pouco acesso à livrarias especializadas, seja leitor de mangá, gênero que cresceu em progressão geométrica nos últimos anos e, claro, atestar que o jogo é bom.

O Anime RPG inova, mesmo dentro do novo mercado de RPG, duas vezes: a primeira é por ser o primeiro livro neste meio escrito por uma mulher, Luciana Bacci, junto com Marcelo Del Debbio e, por segundo, ao trazer um livro todo diagramado nos moldes dos quadrinhos japoneses. Cada página possui uma ilustração de um anime ou mangá diferente e esta ilustração foi mantida no mesmo enquadramento da revista em quadrinhos de onde veio, de forma que o livro todo lembra uma grande história em quadrinhos.

Some isto à um maravilhoso conto de abertura, belas ilustrações e um ótimo sistema de regras, simples, intuitivo e lógico e temos um dos melhores lançamentos de RPG no ano, feito por uma editora nacional que pode alcançar todo tipo de público, dos jovens leitores de mangas aos mais aficionados pelos RPG importados.

O livro inicia com um cenário genérico, uma Terra futurista, perfeito para quem não quer se prender à uma história dos mangas ou não conhece uma história à fundo o suficiente. Traz ainda no primeiro capítulo um resumo de termos do jogo e um pouco da cultura oriental, como por exemplo, numa cultura onde o signo é dado pelo ano em que se nasceu, saber o signo não é suficiente para julgar uma conduta pessoal, no Japão o comum é dizer que o tipo sangüino é que diz que tipo de pessoa você é. A tradição surgiu com ares científicos na segunda guerra mas caiu o popular com muita aceitação. Só para exemplificar, os portadores do sangue tipo A são pessoas calmas, dadas à fazenda, cidades do interior, estas coisas.

Os outros capítulos apresentam a construção de um personagem com todas as regras. Lista de equipamentos, de implantes cibernéticos e até um capítulo todo dedicado à seção de regras de combates, testes resistidos e outras situações normais que surgem numa mesa de jogo.

Alguns capítulos chegam a ser divertidos, como o capítulo para “criar” um monstro de bolso, para jogos ambientados em mundos de Pokemon, Digimon, Yo-gi-oh, ou derivados.

Os únicos pontos negativos ficam para o capítulo com as regras de criação de MECHAS (os famosos robôs japoneses), que merecia mais espaço, mas nada que prejudique, pois se tratando de um sistema nacional, há amplo suporte aos jogadores iniciantes na própria página da editora.

Encerra o livro uma divertida lista com o nome de cada personagem que aparece ao longo das 128 páginas e uma sugestão, que você tente descobrir sozinho, quantas personagens conhece antes de olhar a lista e, isto feito, comparar seu número em um ranking a fim de saber o quanto fã de desenhos orientais você é.

Um jogo de uma editora nacional, com suporte pela internet, desde de um fórum para suas dúvidas como net-books gratuitos com complementos, histórias e contos que somam-se ao jogo. E você, que ainda não conhece RPG, talvez esta seja a chance que lhe faltava.

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