Resenha: A boa vida segundo Hemingway

Eu vou confessar, sou um visionário em busca da boa vida. Não necessariamente a vida milionária como alguns podem pensar, mas uma vida bem vivida, uma vida aproveitada. Então é natural que qualquer coisa que prometa ser um guia para a boa vida, eu compre sem pestanejar. Neste caso, encontrei esse livro, A boa vida segundo Hemingway, no Carrefour por 9,90, e devo dizer, foi uma excelente compra.

A começar pela narração da vida do autor da coletânea de pensamento, Hotchner, um ex-soldado, que se tornou caçador de celebridades à serviço de uma revista literária, com uma história muito interessante de boêmia e boa vida, até que seu saldo de guerra terminasse, dois anos após sua dispensa em Paris. Seu contato com Hemingway foi igualmente um marco do livro, e os dois terminaram se tornando bons amigos, ao curso da vida de ambos.

Então, os pensamentos de Hemingway sobre a vida, amor, caça, boxe, e toda sorte de esportes perigosos que Hemingway parece apreciar quando não está escrevendo sucessos instantâneos, sem mencionar sua própria vida, antes da fama de escritor, de soldado ferido, por mais de duas centenas de estilhaços, o período caçando pombos num parque da França para ter o que o comer com sua esposa e filho, e a tal afamada, boa vida, seja pelas apostas nos cavalos, seja pelo sucesso merecido de seus textos.

Quando assisti ao filme "Meia noite em Paris", vimos um retrato de Hemingway que de fato existiu, sua vida boêmia em Paris com Picaso, Gertrudes Stein, Scott Fitzgerald e outros pensadores, mas Hemingway foi retratado como um brigão excêntrico e me custou a acreditar naquele retrato, até ler este livro. De fato Hemingway pode ser sensível em "Por quem os sinos dobram" ou em "O velho e o mar", mas seu lado mais saliente para os que de fato o conheceram, eram suas paixões por apostas em cavalos ou em brigas de galos, suas caçadas à ursos nos Estados Unidos ou na África e a forma pouco polida com que retrucava aos seus desafetos.

Não poderia faltar no livro, é claro, conselhos para jovens escritores, alias, o livro abre com este capítulo, e de fato, seus textos são maravilhosos, reproduzo aqui um dos vários pensamentos retratados ao longo das 160 páginas do livro, particularmente um destinado aos que gostam de escrever:

"No início da carreira, o autor obtém um enorme prazer com aquilo que escreve, e o leitor, nenhum. Passado um tempo, tanto o escritor quanto o leitor obtêm um prazer pequeno. Finalmente, se o escritor realmente tiver alguma qualidade, ele não obterá o mínimo prazer, e o prazer total caberá ao leitor."

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