Find a way...
Você sabe que é para você... Livia Ledier.
Ana Maria era assim, uma pessoa comum, que acordava diariamente, estudava diariamente e trabalhava diariamente. Ela andava autômata por sua rotina, sempre com uma sensação de vazio e uma tristeza disfarçada por isto. Compensava este vazio em excessos, torrava o que não tinha em baladas, se entreva a cada bar com amigos como se fosse o balcão o porto seguro de sua tristeza.
Ana Maria não era vulgar, ao contrário, tinha uma tradição familiar sólida, tinha apego à família e respeitava tradições, aos seus pais e aos amigos. Não era entregue ao mundo, mas tinha uma certa rebeldia em suas atitudes. Quando seus pais mais queriam que ela estudasse ou economia, ou odontologia, ela escolheu mecânica técnica. Seus pais não chegaram a reclamar, mas suspiravam tristes quando ela voltava suja de graxa, totalmente de graça.
Nossa pequena protagonista não escolheu pelo prazer de chatear aos seus pais, mas por que havia nela uma terrível apatia sobre tudo, que ela não enchergava de onde estava nada capaz de preencher seus vazios. Escritórios, labuta dentária, contabilidades. Nada disso ela via sua vida preenchida, cheia de vida. Apenas na música de bandas de metal melódico, de grundge e muito papo com os meninos, que pareciam compreendê-la melhor que muitas de suas amigas, de vidas vazias que viviam apenas o intervalo entre a infância e o casamento com filhos, preenchendo o tempo com cursos inúteis, que nunca queriam exercer. Ela queria mais. Queria virar uma página, queria uma rua com seu nome, ela queria sentir-se viva e capaz de alterar o rumo do mundo. Ela era uma jovem com sonhos, mas que não sabia quais eram estes.
Foi então que aconteceu, numa escola técnica que ela cursava, feliz por estar sendo diferente da manada, mas ainda com um vazio não preenchido que ela encontrou, nas aulas "secundárias" do curso, algo que a alimentava e a excitava, foi a professora Marli de História, depois a de literatura e no terceiro ano, ela encontrou algo onde ninguém ali procurava, em meio à gramáticas e literatura, num trabalho sobre Clarice Linspector, ela encontrou sua realização, sua motivação. Mudar um mundo analfabeto e preguiçoso como o brasileiro, um mundo de gado eleitoral, com a força de nossos escritores do passado, do presente e quem sabe, formar alguns do futuro. Sua vida passou a ter um por que!
Esta pequena crônica encerra-se agora, onde Ana Maria ainda não sabe os como-fazer, mas já sabe bem os por-que-fazer, ela procura mudar o mundo e para tanto formou-se em letras, leciona de linguas à literatura, é fluente no francês, discute semi- ótica como quem troca receitas de bolo, com suas iguais, tamanha a familiariedade com o tema. Mas a chama do saber não se alimenta só uma vez, é preciso mantê-la acesa, contra todas as intepérias do tempo, contra os milhões de mentes ausentes que não se motivam nem com a promessa de recompensas, mas apenas a vitória do "timão" parece exercer alguma influência.
Mas esta nova professora, este ser humano que é mais responsável dentre todos os outros, pois é um ser humano que forma cidadãos, ainda que estes resistam à esta responsabilidade, continua sua labuta, pois sabe que, entre os batalhões e batalhões de acéfalos que lhe passam todos os dias pela frente, dentre os batalhões de irresponsáveis que perfazem seus "alunos" diários, sempre haverá outra Ana Maria dentre eles, com um vazio que não se preenche, por que sua vocação será por ela, professora, revelada.
Ana Maria era assim, uma pessoa comum, que acordava diariamente, estudava diariamente e trabalhava diariamente. Ela andava autômata por sua rotina, sempre com uma sensação de vazio e uma tristeza disfarçada por isto. Compensava este vazio em excessos, torrava o que não tinha em baladas, se entreva a cada bar com amigos como se fosse o balcão o porto seguro de sua tristeza.
Ana Maria não era vulgar, ao contrário, tinha uma tradição familiar sólida, tinha apego à família e respeitava tradições, aos seus pais e aos amigos. Não era entregue ao mundo, mas tinha uma certa rebeldia em suas atitudes. Quando seus pais mais queriam que ela estudasse ou economia, ou odontologia, ela escolheu mecânica técnica. Seus pais não chegaram a reclamar, mas suspiravam tristes quando ela voltava suja de graxa, totalmente de graça.
Nossa pequena protagonista não escolheu pelo prazer de chatear aos seus pais, mas por que havia nela uma terrível apatia sobre tudo, que ela não enchergava de onde estava nada capaz de preencher seus vazios. Escritórios, labuta dentária, contabilidades. Nada disso ela via sua vida preenchida, cheia de vida. Apenas na música de bandas de metal melódico, de grundge e muito papo com os meninos, que pareciam compreendê-la melhor que muitas de suas amigas, de vidas vazias que viviam apenas o intervalo entre a infância e o casamento com filhos, preenchendo o tempo com cursos inúteis, que nunca queriam exercer. Ela queria mais. Queria virar uma página, queria uma rua com seu nome, ela queria sentir-se viva e capaz de alterar o rumo do mundo. Ela era uma jovem com sonhos, mas que não sabia quais eram estes.
Foi então que aconteceu, numa escola técnica que ela cursava, feliz por estar sendo diferente da manada, mas ainda com um vazio não preenchido que ela encontrou, nas aulas "secundárias" do curso, algo que a alimentava e a excitava, foi a professora Marli de História, depois a de literatura e no terceiro ano, ela encontrou algo onde ninguém ali procurava, em meio à gramáticas e literatura, num trabalho sobre Clarice Linspector, ela encontrou sua realização, sua motivação. Mudar um mundo analfabeto e preguiçoso como o brasileiro, um mundo de gado eleitoral, com a força de nossos escritores do passado, do presente e quem sabe, formar alguns do futuro. Sua vida passou a ter um por que!
Esta pequena crônica encerra-se agora, onde Ana Maria ainda não sabe os como-fazer, mas já sabe bem os por-que-fazer, ela procura mudar o mundo e para tanto formou-se em letras, leciona de linguas à literatura, é fluente no francês, discute semi- ótica como quem troca receitas de bolo, com suas iguais, tamanha a familiariedade com o tema. Mas a chama do saber não se alimenta só uma vez, é preciso mantê-la acesa, contra todas as intepérias do tempo, contra os milhões de mentes ausentes que não se motivam nem com a promessa de recompensas, mas apenas a vitória do "timão" parece exercer alguma influência.
Mas esta nova professora, este ser humano que é mais responsável dentre todos os outros, pois é um ser humano que forma cidadãos, ainda que estes resistam à esta responsabilidade, continua sua labuta, pois sabe que, entre os batalhões e batalhões de acéfalos que lhe passam todos os dias pela frente, dentre os batalhões de irresponsáveis que perfazem seus "alunos" diários, sempre haverá outra Ana Maria dentre eles, com um vazio que não se preenche, por que sua vocação será por ela, professora, revelada.
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