Capítulo 4: Para que viver

Em Sharnoph Reef, existia um cavalheiro. Um tipo saudável, adulto desde os 12 anos de idade, que nunca bebia, nunca fumava, nunca saía. Seu papel cuidar e gerenciar os correios e as formas de comunicação da cidade. Não de uma forma prática e consciente, mas da mesma forma que uma folha de chá sabe sobre as companhias orientais da Índia e sobre a história da Inglaterra. Mais especificamente, ele era como os geneticistas de Aldos Huxley, que mesclam componentes que não sabem como foram feitos com produtos que não sabem par que servem.

Perpértuos Pacificus era um cara legal, gostava do que fazia e fazia por 24/7 suas tarefas, sem importar como. Pelas manhãs corria, pelas tardes fugia da realidade, da nova e da velha, jogando jogos ainda mais profanos que casamentos com menores de idade ou os deuses que habitam agora nosso mundo: RPG's online. 

Uma noite ele saiu de casa no meio da madrugada. Ele odiava sair de casa no meio da madrugada, mas estava com a visita de seu amigo insuportável, um fumante inveterado, alcoólatra reconhecido e orgulhoso de ser, e falante como rádio com o botão desligar quebrado. E o filho da puta queria cerveja. Mais cerveja. Mas ao sair ele viu algo que o chocou ainda mais que seu amigo mal-educado e viciado, ele viu ao Louco. 

Uma forma andrógena, com calças coladas, meias brancas, e cabelos compridos, que tinha os braços abertos em cruz, e absorvia sem discrição há um Sy'Thyradeo. Seus olhares se cruzaram, Perpétuos sentiu os joelhos vacilarem, como nunca fizeram em sua vida. Tudo que ele conhecia e amava, tudo que ele queria como estava, estava agora ameaçado por esta visão que ele queria negar a todo custo. O Louco o olhou nos olhos. Ele tremeu, mas não pode escapar do que via.

- Eu sou o devorador dos deuses, o devorador das infâncias e do que é bom...

Perpétuos sem saber o que dizer, sorriu de volta apenas... Ele se lembrava de já tê-lo visto antes, em outra vida, na outra, antiga realidade... Mas como?

- Não se preocupe, eu fiz um favor para você, já matei ao seu amigo. 
- Mas e quanto a mim? O que será de mim?

O Louco riu. - De você? Nada, é claro. Eu só absorvo a vida, para mim só me interessam as crianças e aos Pokéthulhus, e absorvê-lo seria como tragar um estrato bancário, sem vida, sem criatividade e que raramente faz alguém feliz...

E com estas palavras o Louco se foi, ignorando ao homem que deixava para trás, que para sempre negaria, para si e para todos que esse encontro alguma vez ocorreu... 

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