Capítulo 1: No princípio

A flecha passou zunindo pela orelha do coelho, afugentando ao pequeno roedor.

- Você já foi melhor, não é mesmo, Arthus?
- Foi o vento, Orthus, você sabe que não erro daqui...
- Sei, sei Arthus... 

Mas Arthur e Orthus estavam os dois cansados. Já faziam sete dias que os dois exploravam as regiões das montanhas das colinas escarpadas. A culpa era de Orthus, que colocou arame farpado no travesseiro do comandate do forte...

- Sei que você ainda me culpa Arthus...
- E tenho razão, Orthus...
- Tecnicamente a culpa é do comandate... Ninguém fica duas semanas na dispensa descascando batatas, Arthus, esse comandate sabia o que semeava...

Fazia muito calor, mas como todos os dias, o sol ardido daria lugar a um frio imenso nas noites... Arthus limpou o suor da testa e viu que Orthus o imitava. A roupa de tecido grosseiro, de linha crua, não facilitava o dia, mas era o uniforme dos guardões do forte escarpada... Arthus deu ainda um longo gole no cantil que carregava, ele tinha fome, e olhou ao horizonte, em busca de movimentos de animais entre as plantas. 

- Você sabe por que ficamos duas semanas na dispensa Orthus, foi culpa sua também...
- E você cobriu por mim também...
- Você é tonto demais para pagar penitência sozinho...
- E você tem pouca pontaria.
- Foi o vento...
- Você já foi melhor Arthus...

Em silêncio, os dois entenderam por terminada a discussão. Orthus era mesmo melhor rastreador que Arthus... Silenciosamente, que chegou a surpreender a Arthus, uma flecha percorreu entre moitas e árvores, e terminou em cheio num coelho gordo... Orthus olhou sorrindo para Arthus só para provocar, Arthus sorriu sarcástico de volta...

- Quem não mata...
- ... cozinha! Eu sei Orthus, eu sei... Agora acende o fogo, dormimos aqui hoje. Eu vou lá buscar a caça.

Orthus não gosta de dormir entre as pedras, é pouco abrigado do frio e faz a fogueira ser visível de longe, mas ele estava cansado de provocar o amigo. Os dois eram amigos em Silverstone, desde crianças. Ambos órfãos, Arthus perdeu os pais por doença, Orthus é um bastardo de algum burgo mestre da cidade. "Não importa como chegamos ao mundo, importa o que fazemos nele", dizia sempre Arthus. E os dois tinham uma vida de roubos de comida, outras vezes, trabalhos honestos nos portos carregando ou descarregando os navios. Foi o comandante Beor Notilus que os salvou e os colocou na guarda da cidade, e depois no Forte, onde além de ganharem seus salários, tinham uma vida...

Orthus espantou as lembranças da memória, percebendo que fazia um tempo que Arthus não reclamava de nada. Ele olhou ao redor, procurando pelo amigo, mas tudo que viu, foi uma poeira levantada pelo vento, poeira de pedras movidas de pressa na terra seca. Arthus havia caído em algum buraco, alguma caverna oculta...

- Arthus! Pelos deuses, Arthus!!!



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