Resenha: ficção de polpa #1

No início do século 20 as revistas feitas em papel muito barato, geralmente feito do miolo da madeira, gerou um estilo de revistas conhecidas por Pulp Fiction, ou ficção de polpa. Revistas de 10 ou 20 centavos, que publicavam mensalmente autores anônimos, que podiam despontar ao estrelato ou ao anonimato.

Revistas como estas publicaram H. P. Lovecraft, Edward H. Howard e tantos outros talentos, que hoje são reconhecidos e reverenciados. Mas esse estilo foi vagarosamente morrendo, conforme foi ficando impossível manter os baixos preços e ainda pagar pelos autores.

O advento da internet que dá voz à todos, e o crescimento de publicações online, em teoria, serviriam para revelar novos escritores, mas por outro lado, publicar grátis, na internet, pode até te dar visibilidade, mas a menos que você seja brilhante, poucos autores já percorreram o caminho das publicações online para as físicas. Talvez se você já tenha lido "Jeitozinha, mas ordinária" ou "Guia das piadas Nerds", você já viu isso acontecer, mas até o meio nerd, ávido leitor, precisa do papel e da encadernação, para dar relevância aos textos. Eduardo Spohr mesmo nasceu na NerdBooks, publicação independente, para então chegar aos grandes selos. Fabio Yabu, exímio roteirista e escritor, também precisou da NerdBooks para publicar seu Branca dos Mortos e os sete zumbis, para então a Globo publicá-lo. A verdade, é que sem a validação da cópia impressão, bons textos de internet estão fadados a não criar bons escritores offline. E aí entra a Não Editora.

Sob a encarnação de um livro, do estilo de bolso (pocket book), a Não Editora começou em 2011 a publicar livros com novos autores, reunidos sob temas distintos, e com o mesmo espírito das revistas de antigamente, trazendo ainda o interessante detalhe de até mesmo diagramar a revista, ilustrar e buscar publicidade de jornais da época da revista que lhe deu o nome, para criar o clima das revistas daquelas épocas. O resultado é um livro lindo, e textos instigantes.

Atualmente com 3 edições, esse livro já publicou entre 30 autores novos (alguns, como o próprio editor Samir Machado se repetem), mas sem dúvida, resgatou não só o clima daquelas revistas de mais de 100 anos atrás, como também ajudou a revelar, remuneradamente, novos escritores. Tomara que a iniciativa, que já tem um hiato de mais de um ano, volte e continue a publicar novos talentos.

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