Samanta Flor


Nunca deixo de me deslumbrar pela criação e o talento das pessoas. Se é feito no Brasil então, aposto em dobro. Sonho com o dia que ficarei tão deslumbrado numa banca de jornal por aqui, como fiquei recentemente nos Estados Unidos. 

Produção cultural gera conteúdo, editoras, empregos, que geram demanda por mais conteúdo, que gera a busca de novos artistas e a descoberta de novos talentos. Conteúdo de sucesso gera produtos relacionados, sacolas, brinquedos e maçãs, cadernos de escola e livros, que geram novas indústrias, novos empregos, que vão consumir mais produtos. É o tal círculo virtuoso que já falei aqui, mas que por alguma razão é tão difícil de dar certo nestas terras tupiniquins.

Felizmente os gaúchos não se importam com isso, e continuam sendo, quer o país se importe ou não, um dos maiores celeiros de pensadores e criadores no Brasil. Não obstante já terem os Veríssimos, Ricardo Freire, as modelos, a Xuxa, de terem um dos mais produtivos cinemas nacionais, quase secreto no resto do país, mas de produção muito intensa na cultura local, de suas músicas e cultura raiz, também clamam para si desenhos e quadrinhos como tem sido raro encontrar.

Samanta Flor é a desenhista da vez, com seu traço leve, que transforma em poema temas como a morte e caveiras e que narra com uma leveza lírica suas próprias lembranças infantis. Tão bonito quanto o traço é sua encadernação, papel cartão (ou canson? e como escreve isso?), a capa, a letra, tudo. 

Difícil acreditar que meros vinte reais tenham bastando para comprar duas obras tão lindas e líricas como as revistas Três e a Click. O único pecado, como tudo que é bom, é ser pouco. Após ler (ou contemplar a arte narrando a história em click), é inevitável ficar com um gosto de quero mais na boca. 

Para saber mais vá em: http://samantafloor.tumblr.com 

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