Crônica: Encontros de ocasião...

Hoje me ocorreu algo engraçado, algo que pensei em dar de ombros, mas a bem da verdade, dá uma crônica melhor que uma cisma!

Para começar do começo, na biblioteca da minha faculdade há uma moça muito simpática, sorridente e que, sei que me reconhece na multidão, pois eu lhe sorrio e ela me sorri, quando nos olhamos nos olhos. Até ai nada demais, todos buscamos sinais de que somos reconhecidos ou bem vindos, não? Ainda outro dia ela estava no livreiro, sendo atendida na minha frente, me reconheceu e me cumprimentou. Achei um gesto muito bacana.

Mas nunca passaríamos disso se não fosse, justamente hoje. Hoje eu a encontrei no metrô, só a reconheci no momento de descer na estação da minha faculdade. Como qualquer ser humano, algumas besteiras me percorreram a cabeça, em um flash centesimal. Coisas do tipo, brincadeiras que fariam conosco, caso casássemos, visto que ambos fomos bem dotados, ao menos no tocante nariz! Com certeza diriam coisas do tipo "dois tucanos não se bicam", "ela vai ser uma mãe coruja" e nós mesmos brincaríamos um com o outro, se não fizéssemos disto um trauma. Talvez até, por alusão, nos tornássemos "psdebistas".

Seja como for, isto ocorreu em uma fração de segundos e eu tratei de espantar o besteirol de lado. Preparei meu mais simpático sorriso para quando saíssemos do metrô e, não é que de repente, deve ter ocorrido algo muito interessante no teto da estação? Ou isto ou ela estava de fato desviando o olhar da minha pessoa. Ainda tentei recordar se a encarara-la enquanto tive meus devaneios, mas isto não ocorreu... Definitivamente só podiam ser mais besteiras da minha cabeça. Eu a sacudi novamente e saímos, na saída da escada rolante eu a cumprimentaria.

Isto feito, de fato saímos das escadas rolantes parelhos e lhe dirigi meu simpático "boa noite!" ao qual ela respondeu baixo, olhando para o outro lado e com voz robótica "boa...". Sabem, isto me deixou arrasado! Sem jeito pela reação e diante da nítida má vontade, só me restou apertar o passo e ir para a sala.

Evidente que fiquei com um grilo colado no meu ombro! Como pode, num mundo onde tantos buscam a internet para fazer amigos, se conhecerem, conhecerem pessoas diferentes, alguém se recusar a conhecer o colega do lado? Será que ela temia que eu lhe declamasse um poema em alta voz, ou lhe declarasse um amor que não sinto? Que minha conversa fosse chata ou eu estivesse com uma casca de feijão nos dentes e ao falar, sorrindo, a constrangesse?

Ou ela tinha medo de ser vazia, insignificante e desinteressante e que, na certa, eu aprontava alguma? O fato é que as pessoas, principalmente em sexos opostos, odeiam ser abordados, conversar, ser reconhecidos, tudo isto... Eu mesmo, mais de uma vez atravessei a rua para não encontrar aquele colega de serviço, com quem não tenho intimidade, a fim de evitar uma longa caminhada constrangido em silêncio. Mas ali, na porta da faculdade, tão perto, ela do seu trabalho e eu dos meus estudos? Eu tinha até uma pergunta para fazer, já esperando puxar prosa, que morrerá, infelizmente, nestas páginas:


- Olá, tirando folga da biblioteca? Será que as meninas lá saberão achar os livros que quero? (Risadas amarelas, piadinhas de ocasião, cada um para seu canto, como deveria ser...). 
10/11/2004

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RPG - Classe/Raça: Kobold

Overthinking Back to the future

Geração Xerox