Resenha: Tom Sawyer

Uma obra leve, inspirada no clássico de Mark Twain, nesta obra, ao invés das crianças do Mississipi, a jovem Haru vai a uma cidade pequena do interior do Japão, para o velório de sua mãe. Em pleno verão, sem emprego e questionando sua universidade, ela vai ficando na cidade, onde conhece Taru e seus amigos, crianças que ao invés de repelirem os adultos, como se espera, acabam acolhendo Haru em sua pequena sociedade, por ser "filha da bruxa", e fazem de sua velha casa, um abrigo e um QG para o verão.

Dentre suas aventuras, eles testemunham um crime, ficam ilhados quando seu bote afunda e descobrem um tesouro. Um verão, como todos os seres humanos soam poder ter um, que marca um momento especial, pelo fim da infância, aquele último verão, mas que será lembrado por toda uma vida.

Apesar da inspiração e dos mesmos pontos de referência, que unem as duas obras, Tom Sawyer de Takahashi tem sua própria personalidade, com personagens principais profundos, complexos, ricos em trejeitos e manias. Um dos momentos mais marcantes, na minha visão, é a calma de Taru, lendo uma revista com desprendimento, enquanto convida a uma esbaforida Haru, e sem dinheiro, a partirem numa aventura por tesouros, uma brincadeira, mas que Haru aceita sem pestanejar (e se arrepende, claro, depois). O papel de adulto e de criança se alternam, com naturalidade autêntica, de uma forma que só quem lembra bem de seu próprio último verão pode narrar.

A leveza da narração de Shin Takahashi, e os traços leves tornam esta obra lírica, mas é impossível ler a obra de forma indiferente, sem se lembrar de nosso próprio último verão, quando foi o nosso último verão, aquele que marcou o fim da nossa infância, quando deixamos de procurar a bola de futebol, e passamos a olhar as garotas, quando a diversão é vista como infantil, e a vida passa a ser a busca de status, sentido e companhia?

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