Overthinking: Estamos vivendo em uma simulação?


Recentemente Elon Musk, o Tony Stark da vida real, afirmou que existe uma chance, em um bilhão, que nós não estejamos vivendo em uma simulação. Elon Musk, para quem não sabe, se fez bilionário com a venda do PayPal, e então dedicou a sua vida, e dinheiro, a criar a Tesla, companhia de carros elétricos, a maior empresa privada de exploração do espaço a SpaceX, apareceu nos Simpsons e no Big Bang Theory, e é um inventor nas horas vagas.

E o que leva um gênio, playboy, filântropo e bilionário a dizer isso? Segundo ele próprio, o raciocínio é simples: nos últimos 40 anos demos um salto quase inacreditável em tecnologia, do Pong da Atari, aos óculos Rift de realidade virtual de hoje. E para ele, e para qualquer um imagino, em dez anos não é impossível que existam realidades virtuais tão reais, que sejam indissociáveis da realidade real, por assim dizer.

E ele vai além, é possível até imaginar que na nossa realidade virtual, tão real, surjam ainda simulações dentro dessa realidade. E aí a coisa desanda no raciocínio dele. Por isso decidi escrever esse exemplo, além das excelentes discussöes no NerdCast e no Nerdologia.



A primazia da ciência diz que, se um povo for tão inteligente à ponto de criar uma realidade virtual tão real, ela também será capaz de criar instrumentos que digam ao usuário, quando ele está na realidade virtual ou na realidade.


Partindo desse princípio, imaginemos o jogo Minecraft, um jogo excelente em vários aspéctos, mas dentre eles, a capacidade de criar mundos complexos e intricados, para todos e cada jogador novo. Nesse jogo, sua missão é criar, utilizando o ambiente ao seu redor, madeira, aço, ferro, carvão, sua casa, e cuidar da sua vida, evitando os kreters, criaturinhas irritantes que se explodem quando estão perto de você ou de sua casa.

O jogo tem em seus gráficos simples, primários, a muleta de que se trata de um jogo, e não importa quantas horas você fique jogando, você nunca vai se perder se esta no mundo real ou no virtual. Nesse mesmo jogo, os Kreters são criaturas que existem com o objetivo de criar o risco, te forçam a criar coisas melhores e defesas, a criar armas e se defender, e mantém o interesse no jogo, que de outra forma, em poucas horas, um poderia se cansar de tanto cavar, nada acontece, feijoada (sic: meme da internet).

Agora, vamos dizer que até mesmo essas criaturas comecem a se tornar previsíveis, e para deixar o jogo mais desafiador, alguém decida dar uma inteligência artificial rudimentar a elas. Melhor ainda, talvez, criar ali, um sistema de ecologia, onde essas criaturinhas vaguem, mas também façam elas próprias suas casas, procriem com pares e estabeleçam uma sociedade, onde sei lá, quem mata mais jogadores é o líder. Ah, e elas possam competir pelos recursos naturais com o jogador.

Então o jogo se torna mais interessante e obtém um novo nível de desafio. Mas algo, em milhões e milhões de jogadores e partidas, começa a acontecer, uma memória e tradições começam a passar de uma geração à outra, ao mesmo tempo que menos jogadores aparecem, e servidores ficam online, vazios, habitados apenas por estas criaturas, como acontece hoje com os servidores do Second Life.

Se suficiente tempo passar (e estamos falando de clock de processadores, que se modernizam segundo a lei de Moore), logo a sociedade dos Kreters poderia alcançar a nossa, e criar seus próprios programas, jogos de TV, explorando um mundo intricadamente gerado para ter recursos finitos, mas ao mesmo tempo, tão volumoso, que quase parece infinito. Talvez algumas leis de conservação surjam para "salvar o planeta", talvez viagem ao espaço inexplorado desse mundo criado. E logo eles terão seus próprios jogos, grosseiramente desfigurados de suas realidades, mas agradaveis a eles, como o Minecraft é para nós.

Trocando em miúdos, não é difícil perceber que podemos criar um povo, com inteligência, criando sua própria realidade virtual para seu próprio entreterimento, sem a menor ideia que são eles próprios, os produtos, os simulacros, de nossa realidade virtual.

Também é fácil perceber que logo, com tempo suficiente, é possível que existam infinitas realidades virtuais dentro de infinitas realidade virtuais, mas para sempre haverá apenas uma realidade de base, um plano real que deu origem à todos. Uma realidade, para bilhões de virtuais.

Daí conclui Elon Musk, que a nossa chance é de uma, em um bilhão, de não estarmos em uma realidade virtual. As chances são as mesmas, que sejamos nós mesmo, os simulacros com inteligencia artificial de uma outra realidade anterior, de sabe-se lá, de quantas tantas outras realidades virtuais, até chegar à realidade base.

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