Overthinking: Swiss Army Man (spoilers)
Swiss Army Man é uma das coisas mais insanas que você vai encontrar no Netflix atualmente. De humor dramático, leve nas duas artes, a história começa muito semelhante ao filme "O náufrago", com Tom Hanks, aqui, Paul Dano é Hank, um náufrago em uma ilha desconhecida, que decide se matar, quando um corpo trazido até a praia pelo mar o distrai (e quase o mata).
Chega a praia o próprio Harry Potter, isto é, Daniel Redcliff, como Manny, literalmente, um morto muito doido. Seu corpo morto é capaz de coisas incríveis, que vão, vagarosamente trazendo Hank de volta à civilização, ao mesmo tempo que o corpo faz com que Hank vá aos poucos se abrindo para si mesmo e para a audiência revelando um pouco de si.
A questão toda do filme, fora o humor escatológico bem característico dos ingleses, é que Manny está morto, o que faz com que tudo não passe de alucinações de Hank. Ou será que não?
O final é visto pelo ponto de vista de Hank, e parece misturar sem constrangimento ou aviso prévio, realidade e ficção. Muito semelhante à série The OA, e ao livro Memórias Póstumas de Bras Cubas, aqui temos um narrador não confiável, e a veracidade dos fatos dependem de seu próprio ponto de vista.
Sua viagem da ilha à terra firme é insólita, a chegada do salgadinho junto com seu corpo ao litoral, suspeita, a proximidade com que ele ressurge próximo à casa da garota por quem tem afeto é surreal (ele só a viu no ônibus e nem sabia seu nome, "Manny" inventou um).
Mas que o filme é original em todos os aspectos e trouxe Daniel Redcliffe num papel muito inusitado, e que tudo isto está de parabéns, está. A música, discreta, também é excelente e aparece, ao que parece, quando os devaneios chegam ao nível da loucura).
Agora, se eu tivesse que alimentar a teoria do algoritmo gerador de roteiros do Netflix, eu diria que esse filme é o casamento perfeito de Um Morto Muito Louco com O Náufrago, e o plank do desenho Du, Dudu e Edu. Mas eu não estou dizendo isso, ok?
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