Un brazuca en Argentina - Diario Uno



<abre spoiler>

No filme Um Bom Ano, de Ridley Scott, 2006, Russuel Crowe é um operador da bolsa inglesa de sucesso, que acaba de realizar uma operação ousada para ganhar uma fortuna, mesmo sabendo que acabará investigado pela ação de fundos, ele sabe que o que fez não é ilegal, e ganha. Mas acaba afastado por uns dias para a investigação que se inicia.
Neste mesmo período ele vem a se inteirar que seu avô querido faleceu. Na França, num vinhedo que ele tinha e onde Russel, Max Skinner passava seus verões quando criança. Como único herdeiro, ele deve ir para lá para abertura da herança.
O plano é simples. Ir a França, receber a herança e voltar para Londres antes do fim de seu afastamento. Mas as coisas não saem assim.
Logo ao chegar Max é sobressaltado pelas suas lembranças de infância, dos verões que passou naquele espaço outrora paradisíaco. E claro, ele conhece alguém que seria o amor de sua vida.
Ao mesmo tempo que vender a propriedade vai se tornando mais e mais difícil, as coisas no escritório de Max vão deixando de ir bem para o Max. Seu sumiço prolongado o complica nas investigações e a solução da empresa é "dar-lhe férias".
Max se vê empacado numa cidade minúscula, com uma propriedade em ruínas e sem o emprego para voltar, ao menos não de imediato. Mas ao contrário de pirar, Max passa a restaurar a propriedade, sob a desculpa de valoriza-la, mas na verdade numa jornada de redescoberta sobre quem ele realmente era e seus próprios valores.
O filme conclui com Max largando o próprio emprego para se dedicar aos vinhos, e a família que incidentemente construiu novamente.

<fecha spoiler>
 
Meu próprio ano bom começou em fevereiro, com as férias do escritório vim a Mar del Tuyú, na Argentina em fevereiro, passar trinta dias.


Minha esposa ja tinha vindo em dezembro comas crianças e já estava ha dois meses por lá. Com minhas férias seria o terceiro mês das crianças em terras estrangeiras.

Cheguei na cidade debaixo de um temporal, cidade sem luz, com ruas inundadas e ânimos exaltados, cansado de 18 horas de viagem de porta a porta, e com um monte de coisas do escritório me assombrando, coisas que queria ter feito, coisas que deveria ter feito diferente. Cheguei de mal humor e pouco disposto a cuidar das crianças depois de dois meses de "liberdade" delas.


Mas o que aconteceu foi uma mudança incrível da minha rotina. Crianças que antes eram chatas, aqui sorriam, que antes acordavam as cinco ou seis da manhã, aqui dormiam até as oito, nove. Minha esposa e eu voltamos a ver seriados juntos, filmes, e conversar, longas e deliciosas conversas enquanto empurrávamos os bebes em seu carrinho, indo de um lado ao outro.

Lembrei de minha própria infância, quando ainda podia brincar na rua, fazer brincadeiras de mangueira vestindo só a cueca. Lembrei daqueles domingos preguiçosos, domingos domingo que nada abria e a banda Biquíni Cavadão cantava "mas não vejo nada, que eu possa fazer, só esperar Segunda acontecer...", reclamando dos domingo lerdos que se arrastavam, e como senti falta disso. De tudo isso.


Esses dias em fevereiro, vendo as crianças brincarem na grama, e rindo o dia todo, foram juntos, o nosso "dia do fico". Foi quando decidimos dar adeus a cidade de São Paulo, para conquistar domingos parados, de tudo fechado (tudo mesmo), e dar às crianças a chance de terem infância, brincarem na rua, e crescerem, felizes.

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