O povo pena, mas não pára!
O país é pobre, é pobre a pampa, o PIB é pouco, o povo
pena, mas não pára...". Engenheiros do Hawaii. Se eles fossem um país
teriam facilmente o slogan "ame-o ou deixe-o". Mas eles não são um
país, são apenas uma banda de rock. Ainda assim não é uma banda qualquer é um
banda que à excessão de meia dúzia de indiferentes, ou você a ama, ou você a
odeia.
Mais do que ignorá-los ou mudar a estação do rádio, eles
causam calafrios tão grande em quem a odeia como causam euforia nos fãs toda
vez que uma nova formação do grupo resiste à desaparecer, tragada pelo tempo e
pelos jabas... Aqueles que assistem o Rock'n Gol da Mtv sabem do que estou
falando. Sempre que a palavra sofrimento ou tortura é citada, a banda vem
citada na cola. Na internet pipocam provocações à banda, em igual quantida aos
sites de fãs efusivos. Confesso, faço parte do segundo grupo de pessoas, amo a
banda!
Mas não vim aqui para tecer um documentário sobre esta
banda de rock gaúcha. Afinal, com nosso país em crise como podemos nos
preocupar com música, não é mesmo? Alías, engraçado constatar que
"crise" é uma das palavras top da moda! Tudo é crise no país. Ela, a
crise, está em todos os lugares. Podemos ver isto pelas taxas recordes de
desemprego, de roubos, de miséria. A flutuação do dolar, o risco país, as
invasões, os rachas dentro do próprio partido que tenta governar a bandalheira.
O país (e o mundo!) está, sem dúvida, em crise.
Mas parece que não fui o único a perceber isto. Na
verdade, até parafraseio um padre que tive a oportunidade de ouvir recentemente,
no casamento de um primo querido meu. Ele que dizia primeiro que tudo é crise
no país, e as pessoas estão levando este sentimento de crise para suas vidas e
seus lares. A crise vai ao casamento, à família e o sentimento é de impotência
ao se verem lares ruindo. Mas alguém sabe o que é crise? Crise vem do latim,
estaria chutando se desse a palavra certa, não a lembro, mas significa
"purificar" ironicamente. Algo como, através de uma dificuldade nós
nos testamos ao máximo e ao vencê-la estamos melhores. "Tudo aquilo que
não me mata, me deixa mais forte", por que este ditado popular não pode
ser verdade também no mundo financeiro, não é mesmo?
Gostaria de propor algo a quem me lê. Se você está no
trabalho, ou em um centro metropolitano, olhe ao redor. As pessoas estão felizes?
As pessoas continuam batalhando? Ao que parece, sim! Hoje mesmo, enquanto o
metrô se arrastava entre estações cheias, com misteriosas e constantes paradas
entre as estações, me atrasando para o serviço, um grupo de amigos ria animado
disto, imaginando as formas que seriam mortos pelos respectivos chefes, ao
chegarem atrasados. Era uma morte escabrosa e risadas... Num outro texto
cheguei a chamar os brasileiros de povo chuchu, um povo indiferente à tudo. O
mundo podia acabar ou virar o paraíso, pouco fazia. Acho que acertei no texto,
mas percebi que generalizei demais. Nem todos esperam um milagre salvar o país
por conformismo ou indiferença. O brasileiro tem uma qualidade fenomenal, a fé.
Não me refiro na fé em Deus, mas a fé e a esperança que as coisas dêem certo.
"Mas vai dar certo", "ainda não é o fim", "a gente vai
rir disto", são expressões que têm se tornado comuns de se ouvirem no meu
dia-a-dia...
Sabe o que eu acho disto tudo? Que uma banda de rock
escreveu uma música nos anos 90 que é tão verdade hoje quando no dia que foi
escrita, que o povo pena mas não para, só nos resta rir do que deu errado e
bola pra frente, enquanto há vida, há esperança...
Emanuel Campos
Em surto de esperança e confessa ter lido mais do que o
recomendável de Paulo Coelho!
Originalmente publicado no PNOB número 5, de 2001! Que
acharam do texto? Não parece ter mudado muito em 11 anos, não é mesmo? Faça
download da publicação aqui.
Imagem extraída deste site!
Comentários
I like this picture
Me gusta esta fotographia
The best